A Intel encontra-se num momento de viragem após a surpreendente saída do CEO Pat Gelsinger na semana passada. Os atuais co-CEOs temporários da empresa sugeriram, durante a conferência bancária da Barclays, a possibilidade de separar a divisão de fabrico numa empresa independente, marcando potencialmente o fim de uma era para o gigante tecnológico.
David Zinsner, diretor financeiro da Intel, confirmou que a separação financeira e operacional da divisão de fabrico para uma subsidiária independente já está em curso. No entanto, quando questionado sobre uma separação total, manteve uma postura cautelosa, indicando que essa decisão “é uma questão em aberto para outro dia”.
A co-CEO Michelle Johnston Holthaus também abordou o tema, demonstrando uma visão mais conservadora sobre uma separação completa. “De forma pragmática, faz sentido que estejam completamente separadas e não haja ligação? Não me parece. Mas alguém irá decidir isso”, afirmou durante a conferência.
Os desafios que levaram à necessidade de mudança
O ano de 2024 tem sido particularmente desafiante para a Intel. A empresa enfrentou vários contratempos significativos, incluindo problemas com os processadores de 13ª e 14ª geração, que apresentaram falhas críticas, e o lançamento de processadores de próxima geração que não corresponderam às expectativas do mercado.
Um dos momentos mais controversos foi a decisão de subcontratar a produção dos processadores Lunar Lake à rival TSMC, uma estratégia que acabou por se revelar um erro financeiro significativo. Esta situação expôs as vulnerabilidades da Intel no seu processo de fabrico, tradicionalmente um dos seus pontos fortes.
A pressão aumentou ainda mais com o crescente sucesso da AMD, que tem vindo a ganhar terreno no mercado de processadores, aproveitando as dificuldades da Intel para fortalecer a sua posição.
Implicações legais e financeiras de uma possível separação
A separação da divisão de fabrico não será um processo simples. A Intel recebeu recentemente um financiamento de cerca de 7,4 mil milhões de euros através do CHIPS and Science Act do governo americano, que inclui cláusulas específicas sobre mudanças no controlo da empresa.
O Departamento do Comércio dos Estados Unidos mantém um controlo rigoroso sobre qualquer alteração significativa na estrutura da empresa, especialmente considerando o papel estratégico da Intel na produção de semicondutores em território americano.
O processo de transformação em curso
A Intel está atualmente a atravessar um período de transição significativo, enquanto o conselho de administração procura um novo CEO permanente. Esta escolha será crucial, pois o próximo líder terá de tomar decisões fundamentais sobre o futuro da empresa.
Um dos projetos mais importantes no horizonte é o processo “18A”, previsto para o próximo ano. O seu sucesso ou fracasso poderá ser determinante para a capacidade da Intel competir com a TSMC e fornecer processadores topo de gama que possam rivalizar com a AMD.
A transformação em curso representa não apenas uma mudança estrutural, mas também uma potencial alteração fundamental no modelo de negócio da Intel. Se a separação da divisão de fabrico se concretizar, a empresa poderá transformar-se numa empresa focada principalmente no design de processadores, seguindo um modelo semelhante ao dos seus principais concorrentes.
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