A Open Cosmos e a Agência Espacial Europeia (ESA) formalizaram um contrato no valor de 35 milhões de euros para o desenvolvimento, lançamento e operação da missão NanoMagSat.
Esta iniciativa integra o programa ESA Scout e tem como objetivo expandir o conhecimento sobre o campo magnético da Terra e o ambiente ionosférico. A missão, que complementa a série de investigação Earth Explorers da ESA, reforça a capacidade europeia de monitorização espacial.
O campo magnético terrestre desempenha um papel fundamental na proteção do planeta contra partículas carregadas provenientes do espaço. A compreensão da sua dinâmica é crucial para aplicações como navegação, prospeção geofísica e análise das estruturas superficiais e profundas da Terra. O NanoMagSat dará continuidade às medições realizadas pela missão Swarm da ESA, ampliando a liderança europeia neste domínio desde 1999.
Características e objetivos da missão NanoMagSat
A missão consiste numa constelação de três satélites que irão orbitar a Terra a uma altitude de 545 km. Dois satélites estarão posicionados numa inclinação de 60 graus, enquanto o terceiro operará numa órbita polar prógrada. O primeiro satélite deverá ser lançado no final de 2027, com os dois restantes a serem colocados em órbita posteriormente. A constelação estará em operação durante três anos, oferecendo uma cobertura espácio-temporal sem precedentes.
Os satélites estarão equipados com instrumentos avançados, incluindo um Magnetómetro Absoluto Miniaturizado, emparelhado com câmaras estelares, para medições precisas do campo magnético. Um Magnetómetro de Alta Frequência permitirá análises detalhadas do campo vetorial, enquanto a Sonda Langmuir Multiagulha fornecerá dados sobre a densidade e dinâmica do plasma ionosférico. Recetores GNSS de dupla frequência complementarão as capacidades da missão, possibilitando modelação ionosférica e estudos de rádio-ocultação.
Os dados recolhidos serão fundamentais para a investigação científica, com aplicações em meteorologia espacial, navegação e perfuração direcional. Além disso, contribuirão para o estudo das alterações climáticas, analisando mudanças rápidas no campo magnético terrestre e na dinâmica do plasma ionosférico.
Colaboração internacional e liderança científica
A Open Cosmos lidera um consórcio europeu que inclui várias organizações de referência. A empresa é responsável pelo fabrico e integração dos satélites. O CEA-Léti, em França, desenvolverá os magnetómetros, enquanto a COMET Aerospace, em Espanha, produzirá a estrutura de suporte. A liderança científica está a cargo do Institut de Physique du Globe de Paris, com a Universidade de Oslo a contribuir com o desenvolvimento das sondas Langmuir e a Universidade Técnica da Dinamarca a fornecer rastreadores estelares avançados.
A missão NanoMagSat representa um avanço significativo na criação de um sistema permanente de observação do campo magnético baseado no espaço, consolidando a liderança europeia neste domínio crítico para a próxima década e mais além.
Expansão da Open Cosmos em Portugal
Recentemente, a Open Cosmos anunciou a incorporação de três satélites portugueses na sua OpenConstellation, como parte da Agenda Espacial Portuguesa e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estes satélites, totalmente concebidos, fabricados e testados em Portugal, serão operados pela empresa e integram tecnologias desenvolvidas por parceiros do setor espacial português. Este projeto reflete o crescimento do ecossistema espacial em Portugal e reforça a presença do país no cenário internacional.
A colaboração entre a Open Cosmos, a ESA e as instituições científicas envolvidas no NanoMagSat demonstra o compromisso com a inovação e a excelência científica, promovendo avanços significativos na observação terrestre e na compreensão do ambiente espacial.
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