Após vários meses de espera, a Meta anunciou finalmente o lançamento das funcionalidades de inteligência artificial nos seus óculos Ray-Ban Meta em França, Itália e Espanha. Esta expansão marca um momento significativo para a empresa, que tem enfrentado diversos desafios regulatórios na União Europeia.
Os utilizadores destes três países podem agora interagir com o assistente virtual Meta AI através de comandos de voz, fazendo perguntas gerais como “Que presentes são adequados para crianças de 6 e 8 anos?”. Uma das principais novidades é o suporte para francês, italiano e espanhol, além do inglês já disponível.
A empresa de Mark Zuckerberg tem trabalhado arduamente desde setembro de 2023 para garantir que os óculos Ray-Ban Meta cumprem os complexos requisitos regulamentares europeus. “Estamos entusiasmados por começar a disponibilizar o Meta AI e as suas funcionalidades inovadoras em parte da UE”, afirmou a empresa num comunicado oficial.
Limitações e desafios regulatórios na Europa
Apesar deste avanço, nem todas as funcionalidades disponíveis noutros mercados chegam à Europa. Os recursos multimodais, que permitem aos utilizadores fazer perguntas sobre objetos ou monumentos captados pela câmara dos óculos, continuam exclusivos para os Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Esta limitação reflete as preocupações da Meta em relação ao AI Act, a nova legislação europeia que estabelece um quadro regulamentar para a inteligência artificial. A empresa já expressou publicamente as suas reservas quanto à implementação desta lei, considerando-a “demasiado imprevisível”.
Outro obstáculo significativo tem sido o RGPD, o regulamento europeu de proteção de dados. A Meta utiliza dados públicos dos utilizadores do Instagram e Facebook para treinar os seus modelos de IA, incluindo aqueles que alimentam as funcionalidades dos óculos Ray-Ban Meta. Na Europa, este processo está sujeito a garantias específicas do RGPD.
Mudanças na política de dados
No início do outono, a Meta retomou o treino de modelos de IA com dados de utilizadores do Reino Unido, após incorporar feedback regulatório num processo de exclusão voluntária revisto. Esta decisão foi acompanhada pela introdução de funcionalidades de IA nos óculos Ray-Ban Meta no Reino Unido e em seis outros países.
A empresa tem demonstrado uma abordagem cautelosa na União Europeia, onde as regulamentações são mais rigorosas. Embora tenha assinado uma carta aberta apelando a uma “interpretação moderna” do RGPD que não “rejeite o progresso”, a Meta ainda não revelou quando planeia retomar o treino dos seus modelos com dados de utilizadores do resto do bloco europeu.
Esta expansão gradual das funcionalidades de IA nos óculos Ray-Ban Meta representa um equilíbrio delicado entre inovação tecnológica e conformidade regulamentar. A empresa continua a adaptar a sua estratégia para diferentes mercados, reconhecendo a necessidade de respeitar as especificidades legislativas de cada região enquanto procura manter a sua posição de liderança no desenvolvimento de tecnologias de realidade aumentada e inteligência artificial.
Outros artigos interessantes:
- Apple prepara regresso ao mercado de televisores em 2024
- Samsung prepara óculos XR com IA avançada para 2025
- Google integra geração de imagens com IA no Docs