Uma investigação recente trouxe à luz documentos confidenciais que revelam como a Apple tentou, em segredo, pressionar o TikTok a aumentar a idade mínima recomendada dos seus utilizadores. A informação surgiu através de documentos que deveriam permanecer confidenciais num processo judicial no estado da Carolina do Sul, nos Estados Unidos.
Segundo as informações reveladas, em 2022 uma equipa da Apple realizou uma análise aprofundada ao conteúdo disponível no TikTok. Os resultados demonstraram uma presença significativa de “conteúdo maduro e sugestivo intenso”, levando a empresa a exigir que a popular rede social fizesse alterações para cumprir as diretrizes da App Store.
A situação torna-se ainda mais preocupante quando se analisa os dados internos do TikTok. Os documentos mostram que, em apenas um mês, uma em cada 50 notificações enviadas a menores nos Estados Unidos e Reino Unido continha linguagem imprópria.
Preocupações internas ignoradas pela empresa
As revelações não se limitam apenas à pressão externa da Apple. Funcionários do TikTok manifestaram preocupações internas sobre a eficácia das medidas implementadas para limitar conteúdos problemáticos, especialmente aqueles relacionados com distúrbios alimentares e linguagem inadequada.
Um porta-voz do TikTok, Alex Haurek, reagiu negativamente à divulgação desta informação, classificando-a como “irresponsável”. Segundo Haurek, muitas das questões mencionadas nos documentos já foram entretanto resolvidas, embora não tenha especificado quais medidas foram tomadas.
Impacto na saúde mental dos jovens
Outro estado, o Kentucky, também revelou acidentalmente documentos confidenciais que expõem conclusões preocupantes. Segundo estes documentos, o TikTok descobriu uma correlação entre o uso compulsivo da aplicação e vários efeitos negativos na saúde mental dos utilizadores, incluindo diminuição das capacidades analíticas, problemas de memória e aumento dos níveis de ansiedade.
Particularmente alarmante é a descoberta de que a ferramenta de limite de tempo, implementada especificamente para proteger os utilizadores mais jovens, não estava a funcionar com a eficácia esperada. Esta revelação surge num momento em que 14 estados norte-americanos movem processos judiciais contra a plataforma, alegando danos à saúde mental dos jovens.
O modelo publicitário em questão
A questão fundamental reside no modelo de negócio baseado em publicidade, que incentiva as plataformas a manterem os utilizadores ligados durante o máximo tempo possível. Este modelo tem sido criticado por priorizar o engagement e as receitas publicitárias em detrimento do bem-estar dos utilizadores.
Uma possível solução, sugerida por especialistas do setor, passa pela implementação de um modelo baseado em subscrições pagas. Este sistema poderia eliminar a pressão da publicidade e dar aos utilizadores maior controlo sobre o seu tempo de utilização, garantindo simultaneamente a sustentabilidade financeira da plataforma.
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