O CEO da Microsoft Gaming, Phil Spencer, apresentou no início deste ano uma visão ambiciosa: transformar qualquer ecrã num Xbox através do serviço Xbox Cloud Gaming. No entanto, após vários meses de utilização, a realidade mostra-se bastante diferente do prometido.
O principal obstáculo está na latência, ou seja, o atraso entre o comando do jogador e a resposta no ecrã. Mesmo com ligações à Internet rápidas, que segundo dados oficiais estão disponíveis em grande parte dos Estados Unidos, jogar através da nuvem continua a ser uma experiência frustrante em muitos casos.
Jogos que exigem respostas rápidas, como Starfield, tornam-se praticamente injogáveis devido ao atraso entre pressionar um botão e ver a ação correspondente no ecrã. Esta situação é particularmente notória quando se utiliza comandos Bluetooth, que acrescentam uma camada adicional de latência ao sistema.
As limitações técnicas do presente
Um dos principais problemas reside na forma como os comandos se ligam aos dispositivos. Atualmente, um comando Xbox tem de se ligar via Bluetooth a um dispositivo intermédio (como uma Fire TV Stick), que depois transmite o sinal através de Wi-Fi – cada passo adiciona milissegundos preciosos ao tempo de resposta.
A Microsoft poderá estar a desenvolver comandos que se ligam diretamente por Wi-Fi, seguindo os passos da Google com o Stadia. No entanto, até que essa tecnologia se torne comum, o gaming na nuvem continuará a enfrentar desafios significativos.
O papel das consolas tradicionais
Apesar das limitações do gaming na nuvem, a Microsoft continua a apostar nas consolas tradicionais. A recente atualização do Xbox Series X, embora modesta nas suas melhorias, demonstra que a empresa reconhece a importância do hardware dedicado.
A nova versão da consola oferece mais armazenamento interno, mas perde a unidade de disco ótico. Para quem já possui um Series X original, esta atualização dificilmente justifica uma substituição, sendo preferível optar por um cartão de expansão de armazenamento.
O impacto do Game Pass
Com mais de 34 milhões de subscritores, o Xbox Game Pass prova ser um dos maiores trunfos da Microsoft. O serviço oferece uma biblioteca generosa de jogos por uma mensalidade entre 10 e 20 euros, tendo possivelmente mais utilizadores do que o número total de consolas Xbox Series X/S vendidas.
O Game Pass funciona particularmente bem em PC, onde oferece uma experiência fluida e sem complicações. No entanto, algumas limitações persistem, como a necessidade de ter um comando ligado para utilizar o Xbox Cloud Gaming no computador.
O ecossistema Xbox em expansão
A Microsoft continua a expandir o seu ecossistema de gaming através de aquisições estratégicas e da disponibilização dos seus jogos em múltiplas plataformas. Ao contrário da PlayStation, que mantém as suas exclusivas limitadas à PS5, a Microsoft permite que jogos como Starfield sejam jogados em PC, consola ou na nuvem.
Esta estratégia multiplataforma, embora imperfeita, começa a mostrar sinais promissores. A sincronização de progresso entre dispositivos e a flexibilidade de escolha são vantagens significativas, mesmo que a experiência não seja ainda totalmente seamless.
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