Tecnologias inovadoras possibilitam detecção precoce da doença e tratamentos menos invasivos.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão desenvolvendo um projeto para identificação e tratamento do câncer que consiste no uso de nanopartículas de ouro, revestidas com vesículas extracelulares.
A ideia é biomimetizar uma partícula inorgânica, imitando uma estrutura biológica, e torná-la mais biocompatível. Dessa forma, ela se torna um sistema híbrido capaz de realizar o diagnóstico e, ao mesmo tempo, o tratamento da doença.
Segundo a doutoranda do Instituto de Física da USP São Carlos, Paula Maria Pincela Lins, a tecnologia incrementa a internalização de agentes teranósticos, responsáveis por unir aplicações diagnósticas e terapêuticas nanocientíficas para formar um único agente em células-chave do ambiente tumoral. Isso permite uma alta seletividade durante o tratamento.
A pesquisa está em fase inicial e demanda investimentos para que avance e seja testada em humanos com a segurança necessária, mas já demonstra a importância dos avanços tecnológicos para a medicina. Inovações possibilitam a realização de diagnósticos precoces e procedimentos menos invasivos, com menos efeitos colaterais.
Outro exemplo é a nova tecnologia capaz de detectar o câncer de pulmão em estágio inicial, sem agulhas ou exames de imagem. Desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o método consiste em nanosensores administrados por inaladores ou nebulizadores.
Ao se depositarem no pulmão, os sensores em formato de nanopartículas são capazes de encontrar proteínas relacionadas à presença de células tumorais e as sinalizam na urina do paciente. O resultado pode ser apresentado em apenas 20 minutos.
De acordo com publicação feita na revista científica Science Advances, os primeiros testes estão sendo realizados em animais e ainda necessitam de mais experimentos. Até o momento, a radiografia de tórax e a tomografia computadorizada são os exames iniciais para avaliar nódulos ou massa pulmonar, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O instituto informa que são registradas cerca de 30 mil mortes anuais por câncer de pulmão no Brasil, uma das principais causas de morte evitáveis no país. Pensando na prevenção, é possível incluir autocuidados para câncer de pulmão na rotina, como evitar o tabagismo, mesmo o passivo, e praticar atividades físicas regularmente.
Diagnóstico do câncer de colo de útero é ampliado por tecnologia de automação
O câncer do colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres brasileiras, excluídos os tumores de pele não melanoma. Para cada ano do triênio 2023-2025, o Inca estima, aproximadamente, o registro de 17 mil novos casos.
A prevenção do câncer de colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo Papilomavírus Humano (HPV), através do uso de preservativos e da vacinação. Para monitorar o surgimento e a evolução deste tipo de câncer, a orientação das autoridades de saúde é realizar exames periódicos.
Os avanços tecnológicos de automação na área da citologia clínica têm aprimorado o diagnóstico preventivo da doença ao agilizar os processos que envolvem a análise de amostras.
Sistemas automatizados da citologia líquida viabilizam a detecção mais rápida e permitem que a amostra chegue mais nítida. Eles filtram o maior número de células possíveis através do processamento das amostras citológicas, coloração de células e análise microscópica. A menor probabilidade de artefatos e elementos que dificultam a visualização reduz amostras insatisfatórias.
A coordenadora do curso de Citologia Clínica da Universidade Tiradentes (Unit), Patrícia Oliveira, observa que a automação laboratorial é um dos maiores avanços em termos de tecnologia. Graças ao menor tempo nas etapas de verificação, ela permite que mais diagnósticos sejam fornecidos, aumentando as chances de cura da doença.
Inteligência Artificial favorece a detecção do câncer de mama
Os avanços tecnológicos na ciência também trazem resultados positivos para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Segundo o Inca, esse é o tipo da doença que mais mata mulheres no Brasil, e a detecção em estágio inicial é essencial para o sucesso do tratamento.
Estudo publicado na revista The Lancet Oncology, realizada com 80 mil mulheres na Suécia, revelou que a Inteligência Artificial (IA) detectou 20% mais cânceres em comparação com a leitura da mamografia feita por dois médicos radiologistas.
Os pesquisadores notaram que a IA não aumentou os falsos positivos e economizou 44% da carga de trabalho de leitura da mamografia, evidenciando a detecção mais rápida e eficiente como benefícios do programa computacional.
A evolução da IA também possibilitou que cientistas do MIT e do Hospital Geral de Massachusetts (MGH) desenvolvessem um modelo capaz de prever se o paciente irá desenvolver a doença em cinco anos.
O modelo de aprendizagem profunda utiliza um banco de dados de mamografias para aprender padrões sutis do tecido mamário que costumam ser precursoras de tumores malignos. Assim, permite que os médicos façam um acompanhamento mais personalizado e customizem as recomendações de exames e de prevenção em um nível individual.
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