Parece que as eleições europeias, apesar das novas medidas de transparência exigidas, ainda podem ser terreno fértil para interferências externas. Um relatório recente da Mozilla afirma que a Apple, entre outras empresas tecnológicas, tem permitido a divulgação de anúncios políticos de forma pouco transparente, ignorando os requisitos impostos pela lei em vigor na Europa.
Esta falta de rigor surge numa altura delicada, com o histórico conhecido de interferência por parte da Rússia em importantes eleições nos EUA e na Europa. Foi por isso que entrou em vigor uma nova lei europeia, que obriga as empresas tecnológicas que vendem anúncios (como a App Store da Apple) a serem totalmente transparentes sobre os anúncios políticos que veiculam.
Falta de transparência da Apple
O relatório da Mozilla e da CheckFirst analisou as divulgações de 12 empresas tecnológicas, e as ferramentas disponibilizadas pela Apple foram classificadas como insuficientes. Receberam uma avaliação “amarela”, indicando que existem grandes falhas na prestação de informação. A loja de aplicações da Apple aceita anúncios de aplicações de cariz político ou noticioso, ficando abrangida pelas regras desta nova lei.
A Mozilla e a CheckFirst avaliaram empresas como a AliExpress, a Apple App Store, o Bing, a Booking.com, a Google Search & YouTube da Alphabet, o LinkedIn, a Meta, o Pinterest, o Snapchat, o TikTok, a [empresa X] e a Zalando. Foram analisados mais de 20 parâmetros para avaliar a transparência oferecida, incluindo a funcionalidade das ferramentas disponibilizadas, a acessibilidade dos dados e a sua precisão.
As piores empresas no cumprimento da lei
Segundo o relatório, a [empresa X] teve a pior avaliação: as suas ferramentas de transparência foram consideradas “uma enorme desilusão”, segundo Claire Pershan, responsável legal da Mozilla na União Europeia. AliExpress, Bing, SnapChat e Zalando também receberam avaliações muito negativas, com falhas consideradas graves nos dados apresentados e na funcionalidade das ferramentas disponibilizadas.
Apenas a Apple, o LinkedIn, e o TikTok se destacaram, embora com muitas reservas. Ainda apresentam grandes lacunas nos dados partilhados e na funcionalidade das ferramentas que disponibilizam para consulta. A esmagadora maioria das ferramentas analisadas no relatório apresentam problemas de limitações na pesquisa, más opções de organização e filtragem dos dados, baixa acessibilidade e outros problemas.
O objetivo da nova lei europeia
Estas falhas no cumprimento das obrigações legais preocupam quem se preocupa com a integridade da democracia. O objetivo da lei aprovada é, precisamente, permitir que os cidadãos vejam facilmente quem paga os anúncios políticos, para que possam entender quem está por detrás dos anúncios e ajuizar de forma mais consciente a veracidade das mensagens veiculadas.
Se vires um anúncio a dizer que as alterações climáticas são uma farsa, por exemplo, é muito importante que possas avaliar se esse anúncio está a ser pago pela indústria de combustíveis fósseis. É esta transparência que está em causa, e as empresas tecnológicas têm uma grande responsabilidade em promovê-la!
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