Na sexta-feira, 8 de março, a Google demitiu um engenheiro da Cloud que interrompeu um discurso de Barak Regev, diretor-geral da empresa em Israel, durante um evento tecnológico israelita em Nova York. O vídeo do incidente, que se tornou viral online, mostra o engenheiro a gritar: “Sou um engenheiro de software da Google e recuso-me a construir tecnologia que alimenta genocídio ou vigilância!”.
Enquanto era retirado do local pela segurança, o engenheiro mencionou o Projeto Nimbus, um contrato de 1,2 mil milhões de dólares que a Google e a Amazon ganharam para fornecer inteligência artificial e outras tecnologias avançadas ao exército israelita.
No ano passado, um grupo de funcionários da Google publicou uma carta aberta pedindo à empresa que cancelasse o Projeto Nimbus, denunciando também o “ódio, abuso e retaliação” que os trabalhadores árabes, muçulmanos e palestinianos sofrem na empresa.
Regev defende o direito à liberdade de expressão
Após o incidente, Regev disse à audiência que “parte do privilégio de trabalhar numa empresa que representa valores democráticos é dar espaço a diferentes opiniões”. O seu discurso foi interrompido por um segundo protesto, com outro indivíduo a acusar a Google de ser cúmplice em genocídio.
O incidente aconteceu durante a conferência MindTheTech em Nova York, que este ano teve como tema “Stand With Israeli Tech”, em resposta à desaceleração dos investimentos em Israel após os ataques do Hamas em outubro de 2023.
A Google justificou a demissão do engenheiro com a violação das políticas da empresa, afirmando que o seu “comportamento não é aceitável, independentemente da questão”. A empresa salientou ainda que o protesto interferiu com um “evento oficial patrocinado pela empresa”.
Um caso que levanta questões éticas
Este caso levanta questões éticas sobre o papel das empresas tecnológicas no desenvolvimento de tecnologias com potencial para serem usadas para fins militares ou de vigilância. A demissão do engenheiro da Google também reacende o debate sobre a liberdade de expressão dentro das empresas e o direito dos trabalhadores a contestarem as decisões dos seus empregadores.
O que o futuro reserva?
Ainda é cedo para saber quais serão as consequências deste caso. No entanto, é possível que ele inspire outros trabalhadores da Google e de outras empresas tecnológicas a se manifestarem contra o desenvolvimento de tecnologias que considerem antiéticas.
É importante lembrar que este é apenas um dos lados da história. A Google e o governo israelita têm certamente as suas próprias perspetivas sobre o assunto. Cabe a cada um de nós formar a sua própria opinião sobre o caso, considerando todas as informações disponíveis.
Outros artigos interessantes: