O Estado francês foi alvo de um ciberataque de “escala sem precedentes” durante o fim de semana, com cerca de 800 sites institucionais a serem visados. O ataque, que durou 48 horas, foi reivindicado por hackers pró-Rússia, e ontem revelado.
O ministro francês da Função Pública, Stanislas Guerini, classificou o ataque como “sem precedentes” em termos de intensidade, tempo e número de pontos de ataque. “O que é inédito são 800 sites institucionais de locais administrativos atacados de uma só vez”, detalhou.
A secção anti-ciberataques do Ministério Público de Paris abriu uma investigação esta terça-feira para apurar as causas e os responsáveis pelo ataque.
Governo garante que comunicação não foi afetada
Guerini assegurou que, apesar da magnitude do ataque, que afetou 800 sites institucionais, “em nenhum momento perdemos o fio da comunicação”.
“Todas as administrações, todos os agentes públicos foram bem informados em tempo real e isso não desestabilizou o Estado no seu funcionamento”, frisou.
O grupo Anonymous Sudan reivindicou o ataque, mas quando questionado sobre a origem, o ministro foi cauteloso:. “Um certo número de nomes foi mencionado: prefiro apontar o Anonymous, mais do que o Sudão… E, em qualquer caso, uma grande presunção sobre uma lealdade quase certa às redes russófilas”, sublinhou.
França preparada para responder a novos ataques
Guerini alertou para a possibilidade de novos ataques informáticos provenientes de redes russas. Esses ataques aconteceriam como retaliação às declarações do Presidente francês Emmanuel Macron sobre a Ucrânia. “É óbvio e as ligações entre estas redes de ciberataques e as redes russas são conhecidas e documentadas”, lembrou.
“Penso que não devemos mostrar qualquer ingenuidade”, apontou ainda.
Ataque a 800 sites institucionais é “guerra híbrida”
Para Guerini, o ataque a 800 sites institucionais faz parte de uma “guerra híbrida” que os países já vivem. “Apenas ilustra de certa forma a situação geopolítica, o que vivemos hoje e o que provavelmente viveremos amanhã com ainda maior intensidade”, concluiu.
O ataque foi condenado por vários líderes internacionais, incluindo o presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
O ciberataque à França ocorre num momento de grande tensão geopolítica entre o Ocidente e a Rússia. A invasão da Ucrânia pela Rússia intensificou as preocupações com a segurança cibernética, com os países ocidentais a serem alertados para a possibilidade de ataques de retaliação por parte de grupos pró-russos.
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