O governo Biden intensificou as restrições à SMIC, principal fabricante de processadores na China, depois da descoberta de que a sua fábrica mais avançada, a SMIC South, produziu um sofisticado processador para a série Mate 60 da Huawei.
As sanções comerciais visam restringir o fluxo de tecnologia norte-americana para a SMIC e prejudicar a sua capacidade de fabricar processadores avançados para a Huawei ou qualquer outro fabricante chinês. A série Huawei Mate 60, equipada com o Kirin 9000 de 7nm, tornou-se um símbolo da resiliência tecnológica da China, mesmo sob os esforços dos EUA para travar as suas capacidades na produção de semicondutores.
Huawei persiste na fabricação de processadores
Há também rumores de que a Huawei está a trabalhar num processador de 5nm, mesmo sob as pesadas sanções. De acordo com o site PhoneArena, este novo Kirin pode significar um salto tecnológico para os smartphones da Huawei em 2024, aproximando-a do A17 Pro de 3nm da Apple.
Apesar de não haver evidências concretas deste desenvolvimento, as autoridades norte-americanas estão a reforçar as restrições a fornecedores de equipamentos de fabrico de processadores nos Estados Unidos, de forma a prevenir o surgimento de um sucessor do Kirin 9000 chinês.
Resposta ao desenvolvimento dos Kirin
No final do ano passado, o Departamento de Comércio dos EUA enviou cartas a fornecedores norte-americanos que abastecem a SMIC, proibindo o fornecimento de equipamentos de produção de processadores à fábrica mais avançada da empresa, a SMIC South.
Sabe-se que a SMIC South é a única fábrica de processadores na China capaz de fabricar processadores de última geração que possam satisfazer as necessidades dos smartphones da Huawei. Estas cartas anularam milhões de euros em envios de materiais à referida fábrica, segundo a agência Reuters.
Evolução das restrições
As restrições à SMIC e à Huawei aumentaram de forma gradual, mas impactante. Ambas as empresas foram adicionadas às listas de restrições comerciais em 2019 e 2020, respetivamente, devido a supostas violações e ligações ao complexo militar da China.
Ainda assim, a administração Trump permitiu alguns envios mediante certas condições. Em outubro de 2022, o governo Biden implementou novas regras que proíbem os fornecedores norte-americanos de enviarem ferramentas e materiais semicondutores para fábricas avançadas de processadores chinesas, incluindo a SMIC South.
A Entegris, uma empresa sediada em Massachusetts, confirmou que respeitou as licenças de exportação válidas, mas cessou os envios após ter recebido as cartas do Departamento de Comércio. As ações da administração Biden demonstram um esforço conjunto para restringir o acesso da SMIC à tecnologia avançada norte-americana, um movimento criticado pela embaixada chinesa em Washington como “bullying económico”.
O impacto destas restrições vai além das operações da SMIC, afetando a sua cadeia de fornecimento e potencialmente interrompendo a produção durante vários meses. Lita Shon-Roy, CEO da empresa de pesquisa de mercado Techcet, explica: “Levará tempo para encontrar e realizar testes rigorosos de novos fornecedores, a menos que a SMIC South já tenha feito esse trabalho previamente”.
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