Mais de 30 empresas de média de 17 países interpuseram uma ação contra a Google e exigem 2,1 mil milhões de euros, alegando “comportamento anticompetitivo” por parte da gigante tecnológica nos anúncios online.
As empresas de media – entre as quais figura a proprietária do Expresso – acusam a Google de abusar da sua posição dominante no mercado, controlando toda a cadeia económica da publicidade online.
A argumentação é que a Google atua como vendedora e compradora nos leilões de anúncios, além de ser dona da plataforma onde esses leilões são realizados. Essa situação, alegam, cria um conflito de interesses que prejudica os seus negócios.
O pedido de indemnização totaliza 2,1 mil milhões de euros. As empresas argumentam que, devido às práticas anticompetitivas da Google, perderam receitas e tiveram que aumentar as despesas com serviços de “ad tech”.
Impacto no setor dos media
Em 2021, a Google foi multada pela autoridade da concorrência francesa por favorecer as suas ferramentas de publicidade em detrimento das dos concorrentes. A Comissão Europeia também está a investigar a empresa por práticas anticompetitivas na “ad tech”.
O grupo de empresas de media argumenta que as práticas anticompetitivas da Google prejudicam o setor dos media, que é “plural e vital” para a Europa. Damien Geradin, sócio-fundador da sociedade de advogados Geradin Partners, que representa os queixosos, afirma que “já se perdeu demasiado tempo” e que é hora de a Google ser responsabilizada pelos seus “abusos”.
Reação da Google
A Google já reagiu através do diretor jurídico Oliver Bethell, alegando trabalhar “de forma construtiva, com editores em toda a Europa”.
“As nossas ferramentas de publicidade e as dos nossos vários concorrentes ‘ad tech’ ajudam milhões de websites e aplicações a financiar o seu conteúdo e permitem que empresas de todas as dimensões alcancem eficazmente novos clientes. Estes serviços adaptam-se e evoluem em parceria com estes mesmos editores. Este processo é especulativo e oportunista. Iremos opor-nos vigorosamente e com base nos factos”, afirmou.
Empresas de média que participam na ação
Entre as empresas que participam na ação judicial está a Impresa, que publica o semanário Expresso.
Participam ainda na ação empresas de média como Axel Springer, da Alemanha, dona dos “Die Welt”, “Bild”, “Politico” ou “Business Insider” (Alemanha), as espanholas Godó e Prensa Ibérica ou o grupo suiço Ringier, que recentemente adquiriu o jornal A Bola.
O resultado do processo movido pelas empresas de média contra o gigante tecnológico poderá ter um impacto significativo no mercado de publicidade online e na forma como a Google opera nesse mercado.
A ação deu entrada num tribunal de Amsterdão, nos Países Baixos.
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