O cenário geopolítico no Médio Oriente tomou um novo rumo com o Irão a lançar uma série de ciberataques contra Israel, numa tentativa de apoiar o Hamas. Este desenvolvimento coloca em evidência o crescente papel da ciberguerra em conflitos modernos.
Utilizando dados fornecidos pelo Microsoft Threat Analysis Center, verifica-se um aumento significativo nas operações de influência e ataques cibernéticos, todos alinhados com os interesses do Hamas, desde o início do conflito em outubro de 2023.
Os ataques não só procuram enfraquecer Israel e os seus aliados políticos e comerciais, mas também marcam uma evolução na forma como o Irão se posiciona no cenário internacional. Observou-se um aumento de 42% no tráfego para sites de notícias afiliados ao Irão na primeira semana da guerra, sugerindo uma tentativa deliberada de manipular a narrativa do conflito.
Expansão e caos dos ataques cibernéticos
Apesar de uma coordenação inicial precária com o Hamas, os esforços do Irão têm ganho terreno. As ações iniciais foram descritas como precipitadas e caóticas, mas a eficácia dessas operações tem aumentado ao longo do tempo. Três semanas após o ataque inicial, o tráfego para os sites afiliados ao Irão estava 28% acima dos níveis registados antes do conflito, indicando um sucesso crescente nas suas operações de influência.
O relatório do Microsoft Threat Analysis Center destaca ainda que muitos dos primeiros ataques eram baseados na reutilização de material antigo ou em acessos previamente estabelecidos, desmentindo as alegações iniciais do Irão de uma campanha cibernética sofisticada. No entanto, o número de grupos cibernéticos ativos rastreados pela Microsoft em Israel cresceu rapidamente, de nove na primeira semana de guerra para 14 duas semanas depois.
A escalada da guerra cibernética
As operações de influência cibernética do Irão intensificaram-se dramaticamente, passando de uma operação a cada dois meses em 2021 para 11 só em outubro de 2023. Este aumento não apenas reflete a escalada do conflito, mas também uma mudança estratégica nas táticas iranianas, que agora incluem ataques a outros países além de Israel, como a Albânia, o Bahrein e os Estados Unidos.
Um marco particularmente notável nesta campanha foi o uso de inteligência artificial pelo Irão para gerar notícias falsas. Em dezembro, serviços de streaming foram interrompidos para substituir conteúdos legítimos por um vídeo de notícias falso, apresentado por um locutor criado por IA. Este incidente, que afetou audiências nos Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Canadá, demonstra o potencial disruptivo da tecnologia na guerra de informação.
O ataque surpresa do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro, que resultou na morte de mais de 1.140 pessoas, a maioria civis, e no rapto de cerca de 240, desencadeou uma resposta militar de Israel. Esta resposta incluiu bombardeamentos contra infraestruturas do Hamas e um cerco total à Faixa de Gaza, evidenciando a complexidade e a gravidade do conflito que agora se estende ao domínio cibernético.
O papel crescente da ciberguerra neste conflito sublinha a importância da segurança cibernética e da gestão de informações em tempos de guerra. À medida que os ataques se tornam mais sofisticados e o seu alcance se expande, a necessidade de estratégias robustas de defesa e contra-informação torna-se cada vez mais crítica, não só para os estados-nação envolvidos, mas também para a comunidade internacional.
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