Num movimento que reflete a constante adaptação ao panorama regulatório europeu, a Google começou a consultar os seus utilizadores na União Europeia sobre como pretendem que os seus dados sejam partilhados.
Isto acontece no contexto da implementação do Digital Markets Act (DMA), uma legislação ambiciosa da União Europeia que visa regular as práticas anticompetitivas das grandes empresas tecnológicas. A medida mais visível desta iniciativa é um banner no dispositivo que apareceu recentemente para os utilizadores, questionando-os sobre a sua preferência em manter vinculados ou não os serviços da Google.
A partir de agora, os utilizadores têm a liberdade de decidir se desejam manter sete serviços da Google interligados ou optar por desvinculá-los. Esta opção pode ser alterada até 6 de março, data em que o DMA entra oficialmente em vigor. A Google, no seu esforço para cumprir com a nova regulamentação, está a introduzir também outras mudanças, como alterar a forma como os resultados de pesquisa são apresentados, com um foco maior em sites de comparação, e introduzir ecrãs de escolha para motores de busca e navegadores padrão.
A resposta da Google ao DMA e as suas implicações
O banner que surgiu nos dispositivos dos utilizadores na UE oferece uma escolha direta: manter os serviços vinculados ou desvinculá-los. Contudo, mesmo após a desvinculação, a Google esclarece que algumas partilhas de dados entre serviços ainda podem ocorrer por motivos como prevenção de fraude e abuso, e para “certos outros fins”, uma formulação que deixa algumas questões em aberto.
A empresa também disponibilizou uma secção para alterações futuras nas contas dos utilizadores, permitindo-lhes modificar as suas escolhas até a data de implementação da nova regulamentação.
Além disso, Oliver Bethell, diretor jurídico da Google, num post recente no blog da empresa, detalhou algumas destas mudanças. Entre elas, está a retirada da unidade Google Flights e a introdução de uma API de Portabilidade de Dados para facilitar a transferência de dados dos utilizadores para serviços ou aplicações de terceiros.
Impacto nas empresas designadas como gatekeepers
A nova legislação do DMA não afeta apenas a Google, mas também outras grandes empresas designadas como gatekeepers, incluindo Amazon, Apple, ByteDance, Meta e Microsoft.
Estas empresas terão de realizar ajustes significativos nas suas operações para estarem em conformidade com as normas estabelecidas pela União Europeia. A Google expressou alguma reserva sobre as mudanças, salientando que podem limitar as escolhas para empresas e pessoas na Europa e envolver “difíceis compensações”.
Esta iniciativa da União Europeia é um passo significativo na regulação do poder das grandes empresas tecnológicas, refletindo uma tendência global de maior escrutínio e exigência de transparência nas práticas destas empresas.
Como os utilizadores respondem a estas mudanças e como as empresas se adaptam a este novo ambiente regulatório será fundamental para moldar o futuro da tecnologia e da privacidade de dados na Europa e além.
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