As bibliotecas públicas vão passar a emprestar ebooks já este ano. Portugal junta-se assim a um projeto europeu.
A partir de junho, Portugal vai juntar-se aos restantes países da União Europeia na disponibilização de uma plataforma digital para o empréstimo de livros eletrónicos nas suas mais de 400 bibliotecas públicas. Esta iniciativa, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é um projeto da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), com um orçamento de 900 mil euros.
Uma nova era para a leitura
A plataforma permitirá aos utilizadores das bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP) requisitar livros digitais por um período limitado. Esta iniciativa representa uma oportunidade para diversificar o acesso à leitura, oferecendo aos leitores a possibilidade de escolher entre o suporte papel e o digital.
Com a implementação desta plataforma, Portugal deixa de ser o único país da União Europeia sem um sistema de empréstimo de livros digitais. Esta mudança também representa uma oportunidade para impulsionar a edição digital no país.
Emprestar ebooks vai ter regras
A plataforma será a mesma para todas as bibliotecas da RNBP, mas estará dividida em 23 interfaces, correspondendo a cada rede intermunicipal de bibliotecas. Isto significa que os utilizadores só poderão requisitar livros através da interface onde a sua biblioteca de inscrição esteja integrada.
As bibliotecas públicas portuguesas terão o desafio e a responsabilidade de promover a utilização da plataforma, assumindo o papel de mediadores de leitura em suporte digital. Para os leitores, esta será uma oportunidade para experimentar ou consolidar hábitos de leitura em contexto digital e de terem mais uma forma de acesso ao livro.
Um projeto com história
O projeto desta plataforma não é recente, mas foi atrasado devido a um processo de litigância. No entanto, após a resolução do processo em setembro de 2023, os trabalhos de implementação poderão finalmente começar. Estima-se que a plataforma esteja em funcionamento em 2024, abrangendo os 250 municípios que fazem parte da RNBP, num total de 437 bibliotecas.
Bruno Eiras, subdiretor-geral da DGLAB, salientou em declarações à Lusa, que a experiência internacional não pode ser diretamente aplicada a Portugal, devido à diversidade de dados. No âmbito do Naple Forum, um grupo de trabalho que reúne as autoridades nacionais da Europa com responsabilidades nas bibliotecas públicas, os projetos semelhantes apresentam dados muito diferentes que devem ser analisados de acordo com o contexto de cada país e as características do serviço prestado.
O papel dos ‘ebooks’ nas bibliotecas
Quanto ao papel que os ‘ebooks’ vão desempenhar nas bibliotecas, caberá a cada biblioteca gerir a sua coleção, os títulos, as quantidades e os formatos em que os disponibiliza. Pretende-se a disponibilização de uma coleção diversificada e atualizada.
“Estamos crentes de que representará uma oportunidade de diversificar o acesso à leitura. Existirão leitores que se manterão a ler em suporte papel, outros que iniciarão hábitos de leitura em suporte digital e outros ainda que usufruirão da dupla oportunidade que este serviço trará”, sunblinhou Bruno Eiras, considerando que “cada vez mais importa disponibilizar o acesso ao livro em diferentes formatos e em condições diferentes por forma a dar resposta aos diversos segmentos de público e aos diferentes hábitos e contextos de leitura”.
Numa primeira fase, a opção, em termos de catálogos das bibliotecas, será para a ficção e literatura, sendo prioridade a aposta numa coleção atualizada e atrativa para os interesses dos leitores portugueses. No entanto, poderão existir outros tipos de temáticas.
“As experiências internacionais dizem-nos que a literatura é o principal fator de atração de públicos, mas vamos ver como o mercado se irá comportar e que títulos terá para disponibilizar no âmbito deste projeto. Este projeto é pioneiro na disponibilização e no acesso ao público, mas também na forma como o mercado se irá adaptar”, concluiu subdiretor-geral da DGLAB.
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