A Virgin Atlantic alcançou um marco histórico com o primeiro voo transatlântico movido a 100% de combustível de aviação sustentável. Financiado parcialmente pelo governo do Reino Unido, o voo recebeu elogios da indústria, mas também enfrentou ceticismo.
Nesta terça-feira, a Virgin Atlantic deu um grande passo para o futuro da aviação ao realizar o primeiro voo transatlântico impulsionado exclusivamente por combustível de aviação sustentável (SAF).
Financiado parcialmente pelo governo do Reino Unido, o voo recebeu elogios da indústria, mas também gerou críticas de ativistas preocupados.
Vamos explorar os detalhes desse marco histórico e os debates em torno dele.
Decolagem sustentável da Virgin Atlantic
O voo VS100 partiu de Londres Heathrow e usou o SAF feito principalmente de sebo e outros resíduos.
Enquanto o governo britânico e a indústria da aviação aplaudiram esse avanço, cientistas e grupos ambientalistas permanecem críticos sobre o verdadeiro impacto na redução das emissões de carbono.
A bordo estava o secretário dos transportes, Mark Harper, que expressou otimismo.
“O voo de hoje, 100% movido a SAF, mostra como podemos descarbonizar os transportes agora e no futuro, diminuindo as emissões do ciclo de vida em 70% e inspirando a próxima geração de soluções”, disse ele.
Perspectivas do governo e da indústria
Rishi Sunak, Primeiro-ministro do Reino Unido, ao comentar sobre o voo, chamou-o de “um marco importante para tornar as viagens aéreas mais ecológicas e descarbonizar nossos céus”.
A Virgin Atlantic, por sua vez, enfatizou que o voo para Nova York seria a prova de que o SAF é um substituto seguro para o querosene convencional.
Apesar da boa perspectiva, há desafios a serem superados.
Shai Weiss, presidente-executivo da Virgin Atlantic, apontou a falta de disponibilidade de SAF, que representa atualmente menos de um milésimo do volume total de combustível de aviação global.
Ele destacou a necessidade de investimentos significativos para alcançar a produção em escala.
Harper afirmou que o governo continuará a apoiar a indústria emergente de SAF no Reino Unido, e pretende mudar a criação de empregos, gerar economia e atingir a meta do “jet zero”.
Cinco fábricas comerciais para a produção de SAF estão previstas para serem construídas até 2025 no Reino Unido, enquanto o combustível utilizado no voo inaugural foi importado dos EUA e da UE.
Testes e avaliações científicas
O voo VS100 acontece após um ano de testes em colaboração com o fabricante de motores Rolls-Royce e outros parceiros da indústria.
Cientistas a bordo irão avaliar as emissões não carbono do voo, que incluem rastros e partículas, cujo impacto no aquecimento global ainda não é totalmente compreendido.
No entanto, os ativistas expressaram ceticismo em relação às afirmações do governo e das companhias aéreas, especialmente quanto à declaração do Departamento de Transportes de que os SAFs “tornariam o voo sem culpa uma realidade”.
Cait Hewitt, diretora de políticas da Federação Ambiental da Aviação, considera essa ideia uma piada, e enfatiza a dificuldade de aumentar a produção de SAF de maneira sustentável.
Desafios globais
Enquanto o Reino Unido avança com essas iniciativas, o progresso global pode ser mais lento do que o esperado.
Na recente cúpula da Organização da Aviação Civil Internacional, os países concordaram em “esforçar-se para alcançar” a meta de reduzir a intensidade de CO2 do combustível de aviação em 5% até 2030.
O primeiro voo transatlântico com 100% de combustível sustentável marca um avanço significativo na busca por soluções mais ecológicas na aviação.
No entanto, os desafios e as controvérsias em torno desse marco destacam a necessidade de colaboração contínua, investimentos significativos e abordagens realistas para alcançar um setor de aviação mais sustentável e com menor impacto ambiental.
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