Em mais um capítulo da luta incessante contra a pirataria, Steven Mills, o cérebro por detrás das marcas piratas de IPTV, Eyepeeteevee e Pikabox, viu os tribunais selarem o seu destino com uma sentença de prisão de 36 meses. O homem de 58 anos, natural de Shrewsbury, admitiu a sua culpa em junho e esta semana viu o martelo do juiz bater, confirmando a sua estadia prolongada atrás das grades. Tudo isto surge após uma meticulosa investigação conjunta da Premier League, da polícia de West Mercia e da organização antipirataria FACT.
Estratégias meticulosas e marcas desonestas
As atividades ilícitas de Mills não foram, de maneira alguma, subtis. Usando as suas marcas, Pikabox UK e Eyepeeteevee, promovia abertamente os seus serviços e produtos, até mesmo através de vídeos no YouTube que, embora datados, faziam pouco para disfarçar a natureza das suas ofertas. A promoção e comercialização sob estas marcas deixam pouco espaço para dúvidas sobre a natureza dos serviços oferecidos.
Com a formação da empresa Pikabox UK Ltd em setembro de 2017, e um longo historial de operações que se seguiram, o tribunal encontrou bases sólidas para alegar vários anos de atividades criminosas. Mills operava uma organização que vendia os conhecidos “Firesticks”, gerindo até mesmo um grupo fechado no Facebook e alegando ter uma base de mais de 30 000 subscritores.
Para além do vendedor: o olhar sobre os utilizadores
Contudo, o alcance deste caso vai para além de Mills e da sua operação. Em janeiro deste ano, oficiais da polícia e representantes da FACT visitaram um número considerável dos seus clientes, depois de terem sido identificados através de inteligência adquirida nas rusgas e investigações.
Este é um desenvolvimento relevante e potencialmente alarmante para os utilizadores de serviços de streaming ilegais, que até aqui poderiam sentir-se relativamente anónimos e isentos de perseguição. Este caso destaca que os consumidores destes serviços piratas podem também encontrar-se na mira das autoridades.
A mensagem está a ser enviada
Esta narrativa serve, naturalmente, como uma mensagem enfática e pouco subtil para qualquer pessoa ligada à pirataria de streaming, seja na oferta ou na utilização. A Premier League aproveitou a oportunidade para tecer no seu comunicado à imprensa mensagens meticulosamente escolhidas e orientadas. A marca “Firesticks”, apesar de ser hardware legal, é salientada de forma proeminente, sendo singularmente destacada acima de todos os outros dispositivos vendidos por Mills.
Kevin Plumb, Conselheiro Geral da Premier League, expressou a necessidade vital de continuar a informar o público sobre “os perigos e a criminalidade associada à utilização de serviços de streaming ilegais”. A sugestão subtil, mas claramente intencionada, é que até mesmo assistir a streams piratas, pode ter um resultado jurídico significativo.
O papel das VPNs e a luta futura
Outro aspeto curioso desta história está na menção de tecnologia de Redes Privadas Virtuais (VPNs). O juiz realçou a utilização de VPNs e vídeos tutoriais que ajudavam os seus clientes a aceder ao conteúdo ilegal, destacando mais uma vez o quanto esta tecnologia é um espinho para as entidades que procuram combater a pirataria.
As VPNs, frequentemente apontadas como uma forma de os consumidores mascararem as suas atividades online, tornam-se agora alvo de uma narrativa que, apesar de não ilegalizar diretamente o seu uso, claramente visa associá-las a atividades ilícitas aos olhos do público.
Com os desenvolvimentos desta história, e a sua utilização clara e direta como uma ferramenta de comunicação na luta contra a pirataria, fica a pergunta sobre o que o futuro reserva para este combate. Será que veremos mais ações direcionadas aos utilizadores de serviços piratas no futuro? E como será que as entidades legais vão moldar a narrativa em torno das tecnologias que permitem o acesso a estes serviços?
Esta sentença e as mensagens circundantes lançam um aviso não tão subtil a todos os envolvidos na pirataria digital. A luta está a intensificar-se e as linhas da batalha estão a ser desenhadas com uma precisão cada vez maior.
Outros artigos interessantes: