Meta, a empresa por trás do Instagram, pede desculpas após um erro de tradução que levou a que alguns utilizadores palestinianos fossem erradamente etiquetados como “terroristas”. Este incidente reacende o debate sobre a forma como a tecnologia pode influenciar a perceção pública e alimentar discursos de ódio.
A origem do erro: uma falha ou um reflexo do sistema?
O erro foi inicialmente descoberto por um utilizador do TikTok que estava a testar a funcionalidade de tradução do Instagram. O erro ocorria quando se tentava traduzir frases em árabe que incluíam a bandeira da Palestina e as palavras “palestiniano” e “alhamdulillah” (louvor a Deus). Em vez de uma tradução precisa, o Instagram gerava descrições de perfil que diziam coisas como “terroristas palestinianos, louvor seja a Deus”.
Meta rapidamente emitiu um pedido de desculpas, afirmando que o problema foi “breve” e já foi corrigido. No entanto, nem todos estão convencidos de que foi um simples erro. Rasha Abdul-Rahim, diretora da Amnesty Tech, sugere que este é um problema sistémico que vai além de um simples bug.
A história repete-se: censura e viés de moderação
Esta não é a primeira vez que Meta enfrenta críticas relacionadas ao tratamento de conteúdo pró-Palestina. Em 2021, após ataques da polícia israelita a manifestantes palestinianos em Sheikh Jarrah, um bairro predominantemente palestiniano em Jerusalém Oriental, várias organizações começaram a monitorizar como as contas pró-Palestina estavam a ser tratadas nas plataformas da Meta.
Relatórios indicam que centenas de contas foram bloqueadas ou tiveram o alcance das publicações restringido. Um relatório de terceiros encomendado pela própria Meta concluiu que as ações da empresa tiveram um “impacto adverso nos direitos humanos” dos utilizadores palestinianos.
Meta nega censura, mas perguntas permanecem
Meta negou qualquer forma de censura, afirmando que aplica as suas políticas de forma igual em todo o mundo. No entanto, especialistas e ativistas argumentam que o problema não é um bug, mas sim um “problema de viés de moderação”.
A empresa também apontou para outros bugs que foram corrigidos, que afetaram o alcance das publicações e a capacidade de fazer transmissões ao vivo. No entanto, essas explicações não abordam completamente as preocupações sobre como o conteúdo pró-Palestina é tratado na plataforma.
Embora Meta tenha corrigido o erro de tradução e emitido um pedido de desculpas, o incidente levanta questões mais amplas sobre a responsabilidade das plataformas tecnológicas em evitar erros que podem ter implicações sérias.
Este caso serve como um lembrete de que, enquanto a tecnologia continua a evoluir, também deve evoluir a forma como ela é regulada e monitorizada para garantir que não perpetue estereótipos ou discursos de ódio.
Outros artigos interessantes: