A inteligência artificial e a neurociência estão revolucionando a perfumaria ao permitir a criação de fragrâncias personalizadas com base em respostas emocionais. Grandes marcas investem na tecnologia para entender as preferências dos consumidores. Venha entender!
Você já se perguntou como os perfumistas criam designs que despertam emoções específicas, como calma ou euforia?
Bem, a resposta é uma incrível interseção entre inteligência artificial (IA) e neurociência.
Neste artigo, vamos explorar como empresas e cientistas estão aproveitando essas tecnologias para revolucionar a perfumaria e criar aromas realmente personalizados.
A ciência por trás dos perfumes personalizados
A complexidade do nosso sistema olfativo é o que possibilita a criação de perfumes capazes de evocar respostas emocionais.
Quando você cheira algo, mensagens dos receptores olfativos são transmitidas através do bulbo olfativo para várias áreas do cérebro que estão diretamente ligadas a diferentes emoções. É como se o seu nariz tivesse acesso direto ao seu coração e mente.
Hugo Ferreira, um pesquisador do Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica de Lisboa, está na vanguarda desse campo tecnológico.
Ele e sua equipe utilizam inteligência artificial para rastrear a atividade cerebral e as respostas das pessoas a diferentes variações. Para Ferreira, o olfato é verdadeiramente fascinante.
Ele explica que “com visão e audição, você pode imaginar o rosto de um ente querido ou sua música favorita. É difícil imaginar um cheiro, embora ele possa provocar emoções e memórias”.
Grandes marcas abraçam a tecnologia olfativa
Grandes marcas também estão adotando essa abordagem inovadora. A L’Oréal, por exemplo, colaborou com a Emotiv, uma empresa de neurotecnologia.
Em algumas lojas Yves Saint Laurent, os clientes puderam usar fones de ouvido para realizar eletroencefalogramas (EEGs) e descobrir quais aromas mais os atraíam. Incrivelmente, 95% dos participantes disseram encontrar o perfume ideal.
Já a Puig analisou 45 milhões de leituras específicas de homens jovens para aprimorar a colônia Phantom de Paco Rabanne. Essas abordagens estão evoluindo no sentido em que as marcas entendem as preferências dos consumidores e projetam designs.
A perfumaria algorítmica e a personalização
Empresas menores também estão adotando a tecnologia para criar fragrâncias personalizadas.
A EveryHuman, uma perfumaria com sede na Holanda, permite que os clientes criem aromas por meio de um simples questionário.
Anahita Mekanik, cofundadora da empresa, compartilha sua paixão por essa tecnologia e destaca que seu interesse “na perfumaria algorítmica vem da oportunidade que ela oferece às pessoas para se envolverem diretamente com o perfume”.
Ela destaca que milhares de iterações são realizadas durante o processo de desenvolvimento, garantindo que cada aroma seja verdadeiramente único.
A polêmica da tecnologia na perfumaria
No entanto, nem todos estão entusiasmados com essa revolução tecnológica na perfumaria.
Katie Puckrik, escritora especializada em perfumes, argumenta que a magia de escolher um perfume deve ser reservada para os especialistas. Para ela, “não precisamos de um computador para nos dizer o que nosso nariz já sabe”.
A questão da modernidade versus automação na perfumaria é um debate em curso.
Já o pesquisador Hugo Ferreira enxerga um futuro fascinante para a perfumaria. Ele acredita que as moléculas aromáticas têm potencial terapêutico que vai além do uso comum em cosméticos e aromaterapia.
Ele imagina aplicações terapêuticas que promovem a saúde e o bem-estar por meio do uso de fragrâncias.
Dessa forma, a interseção da IA e da neurociência está redefinindo a maneira como pensamos sobre perfumes. Essas tecnologias estão permitindo a criação de aromas sob medida que podem evocar emoções profundas.
A perfumaria está se tornando uma experiência mais personalizada do que nunca, e o futuro promete fragrâncias que não apenas agradam o olfato, mas também beneficiam a mente e o corpo.
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