O CEO da Google, Sundar Pichai, testemunhou na segunda-feira em defesa da Google no maior processo antimonopólio do setor tecnológico desde o caso da Microsoft nos anos 90.
O governo dos EUA acusa a Google de monopolizar ilegalmente o mercado de buscas online e a estratégia do gigante tecnológico é a de provar que o sucesso do seu motor de busca se deve apenas ao facto de ser melhor do que a concorrência.
Foi essa narrativa que Sundar Pichai foi dizer no tribunal. Pichai foi narrando o seu percurso pessoal e o do motor de busca. O CEO da Google é a principal testemunha e defesa no julgamento por práticas monopolistas.
Perante o tribunal, Pichai descreveu como o investimento no Chrome levou a uma consolidação do motor de buscas.
A história de Pichai e da Google
Pichai, que foi chamado como testemunha pela defesa da Google, relatou a sua trajetória desde Chennai, na Índia, até se tornar o líder da empresa em 2015. Pichai explicou como a Google investiu no Chrome, o seu navegador Web próprio, para melhorar a experiência dos utilizadores e incentivar mais pesquisas no Google.
Pichai afirmou que a Google domina as buscas online porque as pessoas preferem a Google por ser a melhor, e não porque a empresa agiu ilegalmente para obter e manter um monopólio.
O advogado de defesa da Google mostrou um e-mail interno de 2010 que indicava que os utilizadores que mudavam para o Chrome faziam mais pesquisas do que os que usavam outros navegadores.
Este e-mail afirmava que os utilizadores que tinham mudado do Microsoft Explorer e do Firefox para o Chrome tinham passado a fazer mais pesquisas na internet. “Para mim, a relação é muito clara”, sublinhou Sundar Pichai.
Porque é que a Google paga à concorrência?
A Google argumenta que o seu motor de busca é melhor do que os da concorrência e por isso é que alcançou uma posição dominante. Mas então, porque é que paga quantias tão elevadas à Apple e a outros atores?
Esta é uma questão fundamental. A Google, soube-se no julgamento, pagou só em 2021 um total de 26 mil milhões de euros para que o seu motor de busca seja o padão.
Deste total, 18 mil milhões foram pagos à Apple e os restantes aos fabricantes de smartphones.
Defesa da Google coloca a questão
Esta é uma questão fundamental: porque é que a Google achou por bem pagar à Apple e a outros parceiros de distribuição de pesquisa quantias tão elevadas se é tão fácil, como a Google afirma, os utilizadores mudarem de fornecedor de pesquisa?
A questão foi colocada pela própria defesa da Google.
Pichai não se coibiu de reconhecer a relação entre o estatuto de motor de busca por defeito e o aumento de escala.
“Sabemos que isso levaria a uma maior utilização dos nossos produtos e serviços. Há claramente um valor nisso, e era isso que estávamos a tentar fazer” com os acordos de distribuição da Google, afirmou perante o tribunal
Pichai reconheceu que paga mais à Apple do que aos fabricantes de telemóveis Android pela distribuição de pesquisa, mas disse que isso se deve ao facto de a Apple controlar tanto o hardware como as telecomunicações.
Pichai também admitiu, perante a questão colocada pela defesa da Google, que há uma relação entre o estatuto de motor de busca por defeito e o aumento da utilização dos produtos e serviços da Google.
A concorrência e a inteligência artificial
DE acordo com a CNN, Pichai tentou rebater as alegações dos rivais, como o CEO da Microsoft, Satya Nadella, que depôs no mês passado.
Nadella disse que a Google impede a concorrência nas buscas online e ameaça dominar a inteligência artificial ao treinar os seus modelos linguísticos com dados de pesquisas que controla.
O governo dos EUA argumenta que a Google usa contratos para fazer do seu motor de busca o padrão em milhões de dispositivos e navegadores pelo mundo. A Google paga à Apple mais de 10 mil milhões de dólares por ano para ser o padrão nos dispositivos e software da Apple. Em 2021, a Google pagou 26,3 mil milhões de dólares para garantir acordos por defeito com os seus parceiros em todo o mundo.
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