A Volkswagen, maior fabricante de automóveis da Europa, está a enfrentar um período complicado, especialmente no mercado chinês, que é crucial para a empresa. Enquanto isso, a Tesla e outros fabricantes de veículos elétricos (EVs) da China estão a ganhar cada vez mais espaço, não só na China como também na Europa, o mercado de origem da Volkswagen.
A crise no mercado chinês
Thomas Shafer, CEO da Volkswagen Passenger Cars, alertou recentemente para a gravidade da situação, afirmando que “o telhado está a arder”. A empresa alemã, que dominou o mercado chinês durante décadas e gerou quase metade dos seus lucros no país, está a perder terreno rapidamente. Fabricantes de EVs locais como BYD, NIO e XPeng têm duplicado as suas opções elétricas, muitas vezes a preços mais acessíveis do que os modelos da Volkswagen.
A ascensão dos fabricantes chineses de EVs
Os fabricantes chineses de EVs estão a expandir-se rapidamente e a tornar-se a escolha preferencial para novas tecnologias e funcionalidades. Este ano, na IAA Mobility em Munique, a presença de EVs chineses duplicou em comparação com 2021. Modelos como o BYD SEAL, com uma autonomia de até 570 km, estão a ser oferecidos por cerca de 45.000 euros, desafiando diretamente as marcas europeias.
Estratégias de recuperação da Volkswagen
Para tentar recuperar, a Volkswagen está a investir em várias frentes. Em julho, a empresa investiu 700 milhões de dólares na XPeng, adquirindo uma participação de quase 5%. Além disso, a marca de luxo Audi da Volkswagen estabeleceu uma parceria de longo prazo com a SAIC Motor, estatal chinesa, para desenvolver novos modelos de EVs. Fora da China, a Volkswagen fez uma encomenda em larga escala de sistemas de baterias ao fornecedor da Hyundai, Hyundai Mobis.
Não é só a Volkswagen que está a sentir o calor da concorrência. Marcas de luxo como BMW e Mercedes-Benz também estão a revelar os seus planos para o futuro, com modelos como o BMW Vision Neue Klasse e o conceito de EV de entrada da Mercedes, numa tentativa de contrariar os EVs mais acessíveis e frequentemente melhor equipados da Tesla e dos fabricantes chineses.
Perspetiva europeia
Apesar dos desafios, Oliver Blume, CEO da Volkswagen, acredita que a empresa ainda tem vantagem na Europa. Segundo ele, os custos associados à adaptação dos veículos às normas europeias e à criação de uma rede de vendas farão com que os preços dos EVs chineses sejam mais elevados no continente europeu. No entanto, se a Volkswagen não agir rapidamente, a situação poderá tornar-se ainda mais complicada.
A Volkswagen já reduziu os preços dos seus modelos ID.3 e ID.4 na China para se manter competitiva. Resta saber se medidas semelhantes serão implementadas no mercado europeu, onde fabricantes como BYD e NIO continuam a expandir a sua presença.
Outros artigos interessantes: