Elon Musk e a sua empresa Neuralink acabam de abrir as portas para a primeira fase de testes em humanos do seu interface cérebro-computador (BCI), conhecido como N1. Este anúncio surge quase um ano após a última apresentação pública da empresa e um mês depois da concorrente Synchron ter lançado um produto semelhante no mercado.
O estudo, apelidado de PRIME, pretende avaliar a segurança e a funcionalidade inicial do implante N1 e do robô cirúrgico R1. O foco está em pessoas com quadriplegia causada por lesões na medula espinhal cervical ou esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Afinal, o que esperar do estudo PRIME?
O estudo PRIME pretende ser um marco no campo dos interfaces cérebro-computador. O objetivo é permitir que pessoas com paralisia possam controlar dispositivos externos apenas com o poder do pensamento. Mas como é que isto funciona na prática?
O funcionamento da tecnologia
- Array de Utah: Um conjunto de sondas ultrafinas será implantado no córtex motor do paciente.
- Robô cirúrgico R1: A instalação será feita através de uma cirurgia robótica minimamente invasiva.
- Transmissão sem fios: Os impulsos elétricos do cérebro serão transmitidos para uma aplicação associada.
O sistema N1 da Neuralink usa um Array de Utah de alta fidelidade para captar os sinais elétricos do cérebro e convertê-los em comandos digitais. Estes comandos podem, por exemplo, mover um cursor ou ativar um teclado virtual.
Obstáculos e controvérsias
Embora a Neuralink tenha estado na vanguarda da tecnologia BCI desde 2017, a empresa enfrentou vários desafios. No ano passado, foi alvo de uma investigação da USDA por alegações de maus-tratos a animais, o que levou a FDA a negar um pedido para acelerar os ensaios clínicos.
Ano | Evento |
---|---|
2017 | Início do desenvolvimento do sistema N1 |
2022 | Investigação da USDA e negação da FDA |
2023 | Abertura das inscrições para o estudo PRIME |
O que dizem os especialistas?
Embora a Neuralink tenha feito afirmações ousadas sobre as futuras aplicações da sua tecnologia, desde aprender Kung Fu a partir de um cartão SD até carregar a consciência para a web, os especialistas aconselham cautela. O foco atual está em aplicações médicas e na melhoria da qualidade de vida para pessoas com condições específicas.
A concorrência não dorme
É importante notar que a Neuralink não está sozinha nesta corrida tecnológica. A Synchron, por exemplo, já lançou o seu próprio BCI, que não requer cirurgia invasiva e já está no mercado há cerca de um mês.
A Neuralink tem um longo caminho a percorrer, mas o estudo PRIME pode ser um passo significativo na direção certa. Ainda é cedo para dizer se a empresa conseguirá cumprir todas as suas promessas ambiciosas, mas uma coisa é certa: o futuro dos interfaces cérebro-computador é uma área a acompanhar de perto.
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