Buscando inovação e destaque no mercado, Apple anuncia sua aposta nos óculos de realidade mista Vision Pro, mas as dificuldades para atingir o estrelato podem ser maiores que o esperado.
“Da mesma maneira que o Mac nos introduziu a computação pessoal e o iPhone trouxe o computador móvel, o Vision Pro introduz a ‘computação espacial’”. Essa foi a declaração feita por Tim Cook, CEO da Apple, ao anunciar o novo produto da empresa.
Chamado de Vison Pro, a marca acaba de trazer para os holofotes um óculos inteligente que promete mudar a vida das pessoas e a forma com que nos relacionamos com a tecnologia.
Mas em um mercado pouco favorável para o produto e um valor que pode chegar a até 12 vezes o preço de seus concorrentes, esse talvez seja um caminho conturbado para a tão conhecida maçã.
Fique por dentro dessa novidade com o texto abaixo. Boa leitura!
Óculos inteligentes são o próximo passo da tecnologia?
A Apple é uma marca conhecida por fazer grandes apostas e ditar tendências no mundo da tecnologia.
Se hoje os smartphones são tão populares, muito se deve a vinda do iPhone muitos anos atrás!
Outro exemplo de sua influência foi seu último lançamento, feito em meados de 2015, com o Apple Watch, que inspirou dezenas de outras marcas e hoje se tornou um acessório cotidiano em nossos pulsos.
Entretanto, o risco que a empresa pretende tomar é maior do que qualquer outro experimentado por ela anteriormente.
Apesar de não ser a primeira a lançar óculos inteligentes e transformar um computador completo em um aparelho leve e funcional para nossa visão, essa é uma ambição e tanto, ao propor recursos ainda não vistos nos produtos do mercado.
A primeira vez que ouvimos sobre headsets como o que a maçã está buscando fazer foi em 2021, com o Oculus Rift.
Desde então, as empresas de tecnologia começaram uma corrida de desenvolvimento, avançando cada vez mais nas funções e possibilidades com essa ferramenta.
Entre eles se destaca o Google Glass, de 2013, que propunha um design simples ao se passar facilmente por um óculos comum, mas contava com câmera e projetores de imagem.
A ideia, que parecia saída de filmes futuristas, foi eleita a invenção do ano, mas não agradou aos consumidores. Hoje, o Google Glass é lembrado como um dos maiores fracassos da empresa.
A moda dos óculos inteligentes ainda não pegou de forma definitiva e números comprovam isso, uma vez que, em 2022, apenas 10 milhões de exemplares de marcas diversas foram vendidos no mundo.
Valor esse que parece insignificante comparado com os 300,3 milhões de smartphones vendidos apenas no último trimestre do mesmo ano.
Contudo, as perspectivas começam a ficar mais interessantes para 2023. Segundo Jon Erensen, analista de tecnologias e tendências da Gartner, esse é um mercado emergente.
“A indústria está à procura de aplicativos matadores e casos de uso que ajudarão a gerar interesse e valor no mercado”, disse ele.
Pode ser essa a oportunidade pela qual a Apple esperava. Com um forte histórico em criar tendências e um mercado aberto para possibilidades, a empresa decidiu dar o próximo passo com o Vision Pro.
Quais são os concorrentes da Apple?
Como mencionamos anteriormente, a Apple não foi a primeira a embarcar nos óculos inteligentes. Marcas como Microsoft e Sony são apenas algumas de suas concorrentes.
Abaixo separamos 4 dos headsets que mais se destacam no mercado atual.
HoloLens – Microsoft
O mais similar ao aparelho da Apple, o HoloLens, de 2019, mescla realidade mista e interação por gestos.
Usado principalmente em indústrias, instituições médicas e educacionais, e por órgãos militares, ele é um produto ainda pouco visto entre os consumidores comuns.
Lançado originalmente por US$ 3.500, o HoloLens já está em sua segunda versão.
Playstation VR – Sony
A intenção da Sony com o seu óculos inteligente foi, principalmente, a interação com jogos de realidade virtual, prometendo uma imersão sem precedentes nos games.
Sendo um dos mais baratos do mercado, custando em média US$ 549, o Playstation VR ganhou uma segunda versão chamada de VR2 no início do ano.
Varjo XR-3 – Varjo
Assim como a Microsoft, os óculos da Varjo oferecem uma experiência de realidade mista, imersiva e com alta qualidade.
Lançado apenas há alguns meses, o aparelho oferece sensores de última geração e entra na batalha contra a Apple.
O principal destaque do Varjo XR-3 é sua ‘visão igual ao olho humano’, prometendo uma imagem completa e realista com os óculos. O custo disso é elevado, fazendo com que o produto chegue ao consumidor por uma média de US$ 6.495.
Oculus Quest – Meta
Por fim, o Oculos Quest é hoje o líder do mercado de realidade virtual, sendo o mais vendido entre os aparelhos que apresentamos aqui. A linha, que já está em sua terceira versão com o Quest 3, também investe na realidade mista.
Originalmente feitos pela Oculos, a marca foi adquirida pelo Facebook em 2014 por um valor de US$ 2 bilhões.
A importância do Metaverso
Se tem um assunto que anda lado a lado com o Vision Pro e óculos inteligentes, esse tema é o Metaverso.
Projetado pela empresa Meta, de Mark Zuckerberg, a proposta é criar uma realidade nova e completa, acessível apenas através de óculos virtuais.
Ainda que esse ‘mundo digital’ englobe outros termos e ações que ganham cada vez mais espaço em nosso dia a dia, como o uso de criptomoedas, o mais interessante de se notar é a relação entre esse universo e o Oculos Quest.
Sendo elementos complementares, a Apple tenta se afastar do termo sem se afastar do assunto.
A empresa propõe uma integração com elementos gráficos e o mundo real de forma única, usando a ideia da computação espacial.
Segundo a própria marca, seus óculos poderão ‘expandir’ a realidade, possibilitando ações como:
- Cinemas 3D, com imagens completas e áudio espacial;
- Acesso a momentos, como vídeos e fotos caseiros, também em 3D;
- Integração com o Apple Arcade para promover jogos mais imersivos.
O que coloca a Apple um degrau acima em termos de interesse do público em geral é, especialmente, suas parcerias.
Se a ideia de ter um cinema particular te agrada, imagine ter acesso a filmes clássicos da Disney em seu Vision Pro?
Além da gigante do entretenimento, outras empresas como Cisco e Adobe, também já demonstraram interesse em participar do projeto.
Para além da computação espacial, a marca ainda fala em criar uma “experiência imersiva” ao invés de usar o corriqueiro ‘realidade mista’ já empregado por concorrentes como Meta.
Mas o que é uma realidade mista? Vamos descobrir a seguir!
Tipos de realidade
São três os tipos de realidade mais comuns e utilizadas quando falamos em óculos inteligentes.
A primeira delas, e também a mais conhecida, é a Realidade Virtual – Virtual Reality ou VR -, a qual possibilita uma imersão do utilizador em um mundo totalmente digital.
Independente de quão próximo ou distante do mundo real o VR se pareça, o que o diferencia é ser totalmente criado com computação, assim como o Metaverso.
Esse é um mundo virtual acessível somente com o uso de um headset.
Já quando falamos em Realidade Aumentada – Augmented Reality ou AR – as coisas são mais simples.
Nessa opção se integra elementos digitais no mundo real, não necessitando de um aparelho específico para esse acesso, um smartphone ou tablet é suficiente.
Exemplo de AR que vemos diariamente são jogos como Pokemon Go.
Essa é uma estratégia muito usada por marcas de tecnologia, games, moda, produtos virtuais e muito mais, tornando-se uma experiência mais comum aos utilizadores.
A Realidade Mista – Mixed Reality ou MR -, a qual tanto falamos até agora, por outro lado, ainda é pouco conhecida e une as duas versões anteriores em um único ambiente.
Sendo uma realidade complementar, a MR é aquela utilizada com óculos inteligentes como o da Apple.
Esse é um conceito ainda bem novo no mercado e que introduz aos utilizadores possibilidades que até então pareciam ‘coisa de filme’, de modo que as pessoas podem interagir com elementos virtuais em 3D como se estivessem no ambiente real.
Um mercado difícil de conquistar
Um dos principais problemas enfrentados pelas empresas de óculos inteligentes é a inserção no mercado.
Isso muito se dá pelos altos preços de seus produtos, uma vez que essa ainda é uma tecnologia difícil de ser barateada.
O Vision Pro, por exemplo, terá 12 câmeras, 6 microfones, 2 alto-falantes, 5 sensores, e outras tantas ferramentas para trazer à realidade o mundo digital, apenas em sua primeira versão.
Por esse motivo, a marca planeja lançar o produto pelo valor de US$ 3.499, o que chega a ser até 12 vezes mais caro do que alguns de seus concorrentes.
Para além do preço, esse ainda não é um produto popularizado, o que constrói uma outra barreira a ser enfrentada pela empresa.
Contudo, é dentro dessa brecha que a Apple quer entrar, promovendo seus óculos como um item para os amantes da marca.
Além disso, a onda de sucesso promovida pelo CEO Tim Cook torna esse o momento ideal para tomar novos riscos. Em 2023, ela se aproxima do histórico valor de mercado de US$ 3 trilhões.
E com um ganho de 82% dos lucros mundiais com vendas de smartphones no primeiro trimestre do ano, dinheiro é algo que não assusta a empresa.
Conclusão
Se você já assistiu ao filme Jogador Número 1, de Steven Spielberg, deve ter conseguido imaginar bem como podem ser os próximos anos caso o Vision Pro entre na moda.
As possibilidades de se imaginar um mundo virtual ao alcance das mãos são praticamente infinitas e podem significar um novo marco para o desenvolvimento tecnológico.
Mas antes que isso se torne rotina, qual a sua opinião sobre o assunto?
Nos conte nos comentários o que achou dos óculos inteligentes e se gostaria de experimentar um!
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