Pesquisadores afirmam que Inteligência Artificial usada no Zoom é capaz de identificar o som das teclas com 90% de precisão durante vídeo-chamadas.
As descobertas do poder da Inteligência Artificial (IA) ainda são incógnitas para muitas pessoas, e assusta algumas delas.
Apesar de ser muito útil para facilitar nosso dia a dia e dar uma mãozinha quando a criatividade falha, uma nova preocupação surge após estudo: o roubo de senhas pelo som dos teclados.
Parece até conversa de filme, mas é verdade!
Em matéria publicada pelo The Guardian, pesquisadores conseguiram comprovar uma precisão de até 90% na detecção de sons através de inteligências em chamadas de vídeo.
Zoom, empresa que se tornou símbolo da pandemia por seu serviço de vídeo-conferências, se tornou o centro dessa conversa.
Os perigos de ataques cibernéticos
De acordo com a pesquisa, revelada na terça-feira, dia 08 de agosto, pelo jornal The Guardian, a capacidade da ferramenta de IA de descobrir senhas vem evoluindo junto ao sistema do Zoom.
A melhora das comunicações na plataforma possibilita, então, um perigo real de ataques cibernéticos.
Ehsan Toreini, um dos autores do estudo na Universidade de Surrey, afirma que “com o tempo, a precisão com que interpretamos esses sons vai aumentar ainda mais, tornando chamadas de som e vídeo cada vez mais perigosas”.
Infelizmente, as chamadas do Zoom não são nossa única preocupação, ainda que a mais urgente no momento.
A pesquisa mostrou ainda que eletrodomésticos inteligentes, cada vez mais comuns nas residências, também podem ser fontes de dados para hackers.
“É cada vez mais importante criar regulações para a tecnologia”, diz Toreini.
Como os pesquisadores chegaram a essa conclusão?
A pesquisa desenvolvida pela Universidade de Surrey foi bem mais simples do que se possa imaginar.
Para fazer a coleta dos sons, os pesquisadores pressionaram cada uma das 36 teclas de um MacBook Pro, 25 vezes cada.
Trocando os dedos para teclar, pressão e velocidade, eles conseguiram criar um banco de dados de sons que foi usado pela IA para detectar padrões de digitação com muita precisão.
Os resultados da pesquisa mostraram que em chamadas realizadas no Zoom usando a captação de som vinda de um celular, a precisão da IA foi de 95%. Já para ligações feitas em aparelhos desktop, esse número cai para 93%.
Segundo Toreini, a “informação posicional pode ser o principal fator por trás dos diferentes sons”.
Mas não apenas isso, “imagens visuais sobre os movimentos sutis do ombro e do pulso também podem revelar informações sobre as teclas digitadas no teclado, mesmo que o teclado não seja visível da câmara” afirma Feng Hao, professor da Universidade de Warwick.
A pesquisa completa, publicada como parte do IEEE European Symposium on Security and Privacy Workshops, abre espaço para novas conversas sobre o tema da segurança digital.
Ainda que a equipe que realizou o estudo diga que até então a IA não tenha sido usada de forma efetiva para descobrir senhas e acessar dados, é uma possibilidade real para aqueles mal intencionados.
Uma dica dada pelos pesquisadores é o uso de letras e símbolos que necessitem de teclas complementares, como apertar o ‘shift’ para deixar uma letra em caixa alta.
De acordo com eles, detectar quando uma tecla como essa foi solta ainda é um desafio para o sistema, o que pode te ajudar a se proteger contra invasores.
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