Kevin Mitnick, a figura mais célebre entre os hackers de todos os tempos, encontrou o fim da linha. Famoso pelas suas façanhas na esfera da cibersegurança, Mitnick partiu aos 59 anos, depois de uma luta de mais de um ano contra o cancro do pâncreas. Não só deixou um legado significativo na história da informática, como também aguardava o nascimento do seu primeiro filho.
O Início de uma Lenda
Ainda adolescente, Mitnick já revelava o seu jeito para a pirataria. Aos 12 anos, convenceu um motorista de autocarro a dizer-lhe onde poderia comprar a sua própria perfuradora de bilhetes. Disse que era para um “projeto escolar”, mas o plano era usar os bilhetes não perfurados que encontrara num contentor de lixo.
O acesso à sua primeira rede informática foi aos 16 anos, mas foi em 1981, ao invadir o sistema COSMOS da operadora telefónica Pacific Bell, que realmente passou a estar sob o radar da justiça. Um ano de liberdade condicional depois, Mitnick optou por desconectar o telefone do seu oficial de condicional. A partir daí, o seu apetite pela invasão de redes só aumentou.
As façanhas do “Condor”
Ao longo dos anos 80, o jovem hacker aventurou-se cada vez mais fundo no ciberespaço, tentando acessar estruturas complexas como o NORAD e o Pentágono. No entanto, o destino apanhou-o em 1988, quando foi apanhado a tentar entrar no novo sistema operativo de segurança da Digital Equipment Corporation.
A defesa de Mitnick conseguiu convencer o juiz de que o seu cliente era viciado em computadores, tal como um drogado é na droga. Após um ano de prisão e mais meio ano de tratamento para a sua “dependência”, Mitnick voltou ao trabalho, mas desta vez num escritório de detetives. Contudo, voltou a violar os termos da sua liberdade condicional ao manipular uma base de dados, acabando por fugir das autoridades em 1992.
Encontro com Tsutomu Shimomura
Para evitar ser rastreado, Mitnick começou a usar telemóveis e a mudar constantemente de local. Foi durante esta fase que o seu caminho cruzou com o de Tsutomu Shimomura, um hacker do lado da lei, que colaborava com o FBI. Mitnick roubou software de Shimomura, dando início a um jogo de gato e rato que terminaria com a sua captura.
Vida depois da prisão
Após cinco anos na prisão, Mitnick foi libertado em 2000, sob a condição de se declarar culpado e de ficar três anos sem usar qualquer dispositivo tecnológico, além do seu telefone fixo. Aproveitando a sua fama, transformou a sua vida ao tornar-se consultor de cibersegurança, fundando a sua própria empresa, a Mitnick Security, em Las Vegas.
Hoje, o seu obituário lê-se assim: “Kevin era alguém original; grande parte da sua vida lê-se como uma história de ficção. A palavra que usaríamos a maioria dos que o conhecemos é ‘magnífico'”.
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