Ao longo das últimas semanas tenho escrito aqui no TecheNet sobre as vantagens dos automóveis elétricos (EV) sobre os carros com motores a combustão (ICE). Tenho pouca esperança de convencer quem quer que seja a fazer a mudança – refiro-me às pessoas que a podem fazer já hoje, mas simplesmente não querem! – mas espero que algumas que estavam hesitantes possam agora ter ficado com mais informação que lhes permita tomar uma decisão informada.
Não sei se a minha experiência de cerca de ano e meio com o meu EV é típica – presumo que não. Certos utilizadores terão um cenário semelhante ao meu, mas imagino que a maioria não terá.
Qual é então o meu cenário? Vivo a curta distância do meu emprego e, em rigor, essa distância é até suficientemente curta para poder ser feita de bicicleta… não se desse o caso de ser um trajeto relativamente estreito (estrada municipal) com elevada densidade de circulação de veículos pesados, bermas inexistentes e ciclovias… prometidas ao longo dos anos por diferentes gestões autárquicas mas nunca cumpridas.
Depois, não tenho um carregador em casa, mas tenho no meu escritório, o que é super-prático. E tenho também imensos carregadores públicos a curta distância quer de casa, quer do escritório.
Automóveis elétricos: A experiência de condução
Aquilo que senti com a passagem de um ICE para o meu EV, foi um upgrade total. A experiência de condução é totalmente diferente, para melhor. Sobretudo em ambiente urbano, que é 90% do tempo em que conduzo.
A diferença no pára-arranca passa de desesperante, cansativa e stressante, para (quase) calmante. Como o EV recupera energia com a desaceleração, a previsão do que irá acontecer à nossa frente de forma a evitar pisar sequer no pedal do travão, torna-se num jogo divertido. A sério. Há uma certa “gamificação” à qual o EV nos convida a participarmos.
A maior diferença é que sinto hoje que sou um melhor condutor com o EV do que era com o meu carro anterior. Conduzo mais devagar – e não apenas para poupar energia – e de forma mais relaxada.
Quanto à ansiedade pela (pequena) autonomia da bateria? Na verdade, era uma das minhas maiores preocupações, mas acabei por nunca sentir isso. Embora, diga-se a verdade que a viagem mais longa que fiz durante este ano e meio foi ir e vir de Loures a Setúbal – pouco mais de 100 km para um veículo com uma autonomia “real” de 200 quilómetros.
Mas não vou negar que é menos prático viver com um EV do que com um ICE. E sobretudo preciso de pensar como e quando o vou carregar, quando essa era uma preocupação inexistente com o meu carro anterior.
Se é uma chatice tal que faria com que, hoje, tomasse uma decisão diferente? Nem por sombras. E não estou sozinho – estudos realizados em diversas partes do mundo indicam a mesma coisa: a esmagadora maioria das pessoas que compra um veículo elétrico não pretende, nunca mais, voltar a ter um carro a combustão.
Na realidade, a minha mágoa é sobretudo esta: não ter podido fazer a mudança de um ICE para um EV mais cedo. Mas mais vale tarde que nunca!
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