Um relatório recente da Sapien Labs, partilhado também pelo antigo vice-presidente da Xiaomi na Índia, Manu Kumar Jain, alerta para os riscos de permitir o uso de smartphones por crianças. O estudo analisa como ter um smartphone numa idade precoce influencia aspetos como a interação social, a autoestima e tendências suicidas. Este relatório baseia-se em dados de 27.969 jovens adultos da Geração Z (idades entre 18-24) de 34 países, onde o declínio do bem-estar mental dos jovens adultos já se observava antes da pandemia.
Este estudo torna-se particularmente relevante num contexto em que assistimos a um número crescente de crianças com smartphones próprios. Segundo a Common Sense Media, num relatório de 2021, adolescentes entre os 13 e 18 anos passam, em média, 8,4 horas por dia em ecrãs para entretenimento. Além disso, o relatório mostra que aqueles entre os 8 e os 12 anos despendem, em média, 5,3 horas. Este é um dado alarmante, tendo em conta o possível efeito dos smartphones nestas crianças.
Primeiro smartphone: quanto mais tarde, melhor
De acordo com o estudo, os jovens entre 18 e 24 anos que receberam o seu primeiro smartphone (ou tablet) numa idade mais tardia tendem a apresentar, em média, melhor saúde mental e, portanto, menos problemas com pensamentos suicidas, sentimentos de hostilidade para com outras pessoas e sensação de desconexão da realidade. Este resultado sugere um impacto cumulativo do uso de smartphones na infância nos adultos. O relatório também revela que este efeito pode ser pior nas mulheres.
Conforme o estudo, 60% a 70% das mulheres que utilizaram smartphones antes dos 10 anos enfrentam problemas de saúde mental na idade adulta. Embora os homens não estejam imunes, os casos são menores. Cerca de 45% a 50% dos homens que usaram smartphones antes dos 10 anos enfrentam problemas semelhantes na idade adulta.
Riscos do uso precoce de smartphones
O relatório concluiu que existem melhorias a longo prazo no bem-estar mental para cada ano de atraso em obter um smartphone durante a infância. À medida que a idade do primeiro smartphone aumenta, também aumenta a saúde mental relatada pelos jovens adultos, avaliada pelo Quociente de Saúde Mental (MHQ).
A percentagem de mulheres com problemas de saúde mental diminuiu de 74% para aquelas que receberam o seu primeiro smartphone aos 6 anos para 46% para as que o receberam aos 18. Nos homens, a percentagem caiu de 42%, que receberam o seu primeiro smartphone aos 6 anos, para 36% que o receberam aos 18.
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