O cientista português Tiago Ramalho acredita que dentro de 10 anos a IA vai estar em todo o lado e que não poderemos viver sem ela.
O ex-engenheiro da Google DeepMind Technologies e atual diretor executivo da startup Recursive, revelou a sua crença de que a população mundial não será capaz de imaginar a vida sem inteligência artificial daqui a uma década.
IA atingiu nível em que funciona “bastante bem”
A rápida evolução do campo desta tecnologia levará, segundo Ramalho, à inclusão dessa tecnologia na maioria dos produtos e serviços nos próximos cinco anos. O cientista acredita que a se tornará “ubíqua” e começará pelo processamento de linguagem natural, incluindo modelos como o ChatGPT, capazes de gerar textos complexos.
Em entrevista à Lusa, Tiago Ramalho enfatizou que, nos últimos dois anos, a tecnologia atingiu um nível em que “funciona bastante bem” e que o desafio agora é aumentar o número e a qualidade das bases de dados, reduzir os custos para obter respostas e adaptar os modelos, até mesmo para dispositivos móveis.
Uns vão ser prejudicados e outros beneficiados
Um estudo recente realizado por pesquisadores da Microsoft revelou que a popularização da inteligência artificial terá um impacto significativo em diversas profissões, principalmente nas áreas de telemarketing, contabilidade, tradução, ensino e programação.
“Quando há uma transição tecnológica, há sempre pessoas que vão ficar prejudicadas e outras que vão beneficiar”, admitiu Tiago Ramalho, que acredita que “o resultado final tende sempre a ser positivo”.
Embora haja preocupações com o surgimento de uma inteligência consciente, Ramalho compartilha a opinião de que os atuais modelos, como o LaMDA da Google, estão apenas respondendo ao contexto recebido, sem consciência real.
O cientista argumenta que ainda é necessário um longo caminho para criar uma que tenha diálogo interno, preferências e valores independentes das interações com seres humanos.
Benefício mútuo
Tiago Ramalho defende a ideia de uma coevolução entre humanos e tecnologia, construindo uma sociedade onde agentes inteligentes de silicone e seres humanos se beneficiem mutuamente. Mencionou o exemplo da tecnologia AlphaFold, da Google DeepMind, que permite compreender a estrutura de proteínas com base no código genético, um problema que os humanos não conseguem resolver por conta própria.
A Recursive, startup japonesa fundada por Ramalho, atualmente com cerca de 40 colaboradores, está a utilizá-la para auxiliar empresas na criação de modelos de negócios sustentáveis. Um exemplo disso é a otimização das entregas de um grupo e a previsão das necessidades de irrigação das florestas comerciais na Indonésia geridas pelo conglomerado nipónico Sumitomo.
Tiago Ramalho sublinhou, em declarações à Lusa, que a Recursive busca constantemente encontrar sinergias entre a sustentabilidade ambiental e os interesses das empresas, uma vez que nem sempre é fácil vender a ideia de sustentabilidade.
Com o avanço acelerado desta tecnologia, a vida cotidiana está prestes a sofrer mudanças profundas. A população mundial terá de se adaptar a essa nova realidade, em que será tão presente quanto o ar que se respira.
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