As burlas online em Portugal sofreram um aumento de 43% em 2023 em comparação com o ano anterior, revela um estudo realizado pelo Portal da Queixa. As perdas estimadas já ultrapassam os dois milhões de euros e o valor médio das burlas chegou a 515 euros.
O estudo também revela que 51% dos consumidores portugueses já foram alvo de tentativas de fraude na internet, o que é, sem dúvida preocupante.
Crescimento preocupante das burlas online
O estudo “A Literacia Digital dos Consumidores em 2023” mostra que, entre 1 de janeiro e 25 de abril, foram registadas 4.287 reclamações relacionadas com burlas online, um aumento expressivo face às 2.995 queixas registadas no mesmo período em 2022. O valor médio das burlas também aumentou, chegando a 515,79€ em 2023, superior aos 410,71€ em 2022 e aos 441,55€ em 2021.
Fraudes afetam mais de metade dos consumidores
Segundo o inquérito, 51% dos consumidores afirmam já ter sido alvo de uma tentativa de burla na internet, sendo as principais formas através de e-mail (23%) e lojas online falsas (31%). As perdas monetárias em 81,9% dos casos foram até um máximo de 500 euros, mas há inquiridos a assumir perdas superiores. Apenas 37,7% conseguiu recuperar a totalidade do valor perdido.
Baixa literacia digital em Portugal
O estudo indica que 62% dos inquiridos consideram a literacia digital em Portugal “baixa” ou “muito baixa”, e 59% acreditam que o Governo não tem tomado medidas suficientes para melhorar essa situação. Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa e CEO da Consumers Trust, afirma que a falta de literacia digital em Portugal é um problema equivalente ao analfabetismo de 40 anos atrás.
Perfil das vítimas
Apesar do público feminino registar mais reclamações (2.166), o género masculino apresenta o maior valor médio de burla (675 euros), valor inferior nas mulheres (362 euros). As burlas com maior valor ocorrem entre pessoas com mais de 55 anos.
O estudo “A Literacia Digital dos Consumidores em 2023” contou com a participação de 2.074 inquiridos e foi realizado entre os dias 18 e 25 de abril.
Principais tipos de burlas e como se proteger
De acordo com o estudo, as principais burlas online denunciadas no Portal da Queixa em 2023 são:
- Compras online nunca recebidas (62,25% das reclamações), com valor médio de burla de 532 euros;
- Transação não autorizada/desconhecida (22,36% das queixas), com valor médio de burla de 484 euros;
- Subscrição de serviços (7,10% das reclamações), com valor médio de burla de 395 euros;
- Página da marca falsa/clonada (5,74% das queixas), com valor médio de burla de 631 euros.
Entre as medidas de proteção adotadas pelos inquiridos, encontram-se:
- Não partilhar a senha (82,9%);
- Confiar no programa de antivírus (62,6%);
- Utilizar autenticação de dois passos (50%);
- Usar sempre redes de internet seguras (49,3%);
- Alterar as senhas com regularidade (38%).
A importância da educação digital
A educação digital é essencial para evitar burlas e garantir a segurança dos consumidores na internet. O aumento da literacia digital deve ser uma prioridade tanto para o Governo como para a sociedade. A criação de programas de educação e campanhas de conscientização pode ajudar a reduzir o número de vítimas de burlas online e aumentar a confiança dos consumidores nas transações digitais.
Conclusão
O aumento das burlas online em 2023 é um alerta para a necessidade de melhorar a literacia digital em Portugal e de promover medidas de proteção eficientes. É fundamental que os consumidores estejam informados e conscientes dos riscos e das melhores práticas para se protegerem no ambiente digital. A colaboração entre o Governo, as empresas e a sociedade é crucial para enfrentar este desafio e garantir a segurança dos consumidores portugueses na internet.