Azagaia foi um dos pioneiros do rap moçambicano e um dos mais importantes artistas da cultura hip hop no país. Azagaia começou sua carreira como rapper em 1996, tornando-se rapidamente um ícone de resistência para a juventude moçambicana.
Azagaia, artista e ativista social, utilizou, como poucos, o poder da sua voz na denúncia e luta pelos direitos humanos.
O seu estilo único e a sua mensagem de emancipação e consciencialização social tornaram-no numa figura muito querida e admirada no país.
A sua morte prematura, aos 44 anos, foi recebida com grande tristeza pela comunidade musical moçambicana. Desde então, têm-se realizado vários tributos ao seu legado e à sua música, assim como homenagens ao seu trabalho.
Ontem todas as organizações conhecidas pela intervenção e defesa dos direitos humanos, moçambicanas e internacionais estiveram presentes nas cerimónias fúnebres. As ruas de Maputo foram ocupadas pelos jovens e não jovens, ouviram-se frases das suas músicas como forma de protesto. Muitos militares que estavam a fazer a segurança do cortejo fúnebre fizeram a continência à passagem do caixão.
E este facto devia fazer pensar o poder político instalado, seja governo, seja oposição.
Esta importante fonte de luta, esperança e resistência para muitas pessoas, morreu e este espaço ficou vazio, era o que se ouvia. Sentia-se a sensação de orfandade, mas de órfãos revoltados e que não vão “baixar os braços”.
Certo que outras vozes surgirão. A luta pelos direitos humanos é demasiado importante.
O poder da obra de Azagaia será lembrado eternamente e servirá de inspiração para muitos e muitas.
Azagaia deixou um importante legado político.
O seu trabalho foi uma voz para aqueles que lutam contra a opressão e a injustiça. A sua música foi um meio para expressar a indignação e a revolta contra o status quo e para lutar por mudanças sociais.
A sua morte serviu para lembrar às pessoas que a luta por justiça e igualdade deve continuar. Além disso, Azagaia foi um dos principais líderes do movimento político inorgânico em Moçambique.
Quando as reformas necessárias não são feitas pelos partidos e métodos tradicionais, a voz dos movimentos inorgânicos sai às ruas em protesto, tentando, eles/elas, fazer as revoluções.
Sendo que o mundo já conhece estas realidades e que muitas guerras civis tiveram este começo, urge ouvir a voz de quem luta pelos direitos humanos e aplicar as reformas dentro das regras democráticas.
Quando as reformas/revoluções não são feitas pelos pacíficos, corre-se o risco que sejam feitas pelos não pacíficos.
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