Fazer viagens espaciais para explorar o espaço, descobrir novos planetas, enquanto navegamos numa potente nave espacial já não é uma fantasia tirada de histórias de ficção científica. O fato é que não estamos tão longe assim de começar a colonizar o espaço.
Os avanços em tecnologias ligadas à exploração espacial crescem a passos largos com o desenvolvimento de novos materiais, motores, sistemas, comunicações e até mesmo novas formas de combustível. Mas existe um fator que não muda e é um grande impeditivo de saltos mais velozes nessa corrida em direção às estrelas: o fator humano.
O corpo humano é uma peça-chave para o futuro da exploração espacial, porém é também um grande obstáculo a ser vencido, devido às suas limitações físicas e biológicas. Alguns desses entraves podem ser resolvidos momentaneamente, com trajes e suplementos, outros nem tanto, e podem afetar permanentemente a fisiologia do corpo humano.
Nós não fomos feitos para viagens espaciais
O corpo de todos os seres vivos da Terra foi-se desenvolvendo ao longo de milhões de anos para se adaptar às condições na superfície do planeta, portanto é adaptado para suportar a gravidade constante, uma determinada concentração de oxigênio e outros gases presentes nas águas e na atmosfera terrestre, além de temperaturas extremas, e o corpo do ser humano não fica de fora nesse esquema de evolução.
A forma como o ser humano se desenvolveu é relativa ao estilo de vida de nossos antepassados primitivos – andar ereto, comer carnes cozidas ou assadas, ingerir frutas e receber luz do sol filtrada pela camada de ozônio presente na atmosfera. Quando esse corpo perfeitamente adaptado para as condições terráqueas é levado a um ambiente extremamente hostil, como o espaço, muitas de suas funções são afetadas.
A luz do sol e suas condições
Um dos motivos pelos quais existe vida na Terra, além da presença de água líquida, é que o planeta se encontra em uma faixa de temperatura estável para suportar o desenvolvimento de vida. A luz e a energia provindas do sol viajam até a Terra, o que leva cerca de 8 minutos para percorrer toda a distância entre a estrela e nosso planeta; ao chegar aqui, aquecem o solo por meio de radiação, e o solo por sua vez aquece o ar por convecção; toda essa troca de calor faz com que a temperatura média do planeta fique em torno de 15ºC.
No espaço, a coisa muda de figura, pois não há atmosfera nem terra para absorver a radiação vinda do sol – 50% da energia solar é composta por radiação infravermelha, 40% é luz visível e os outros 10% se propagam em radiação ultravioleta. Dessa forma, o corpo humano à deriva no espaço vai receber centenas de graus diretamente por radiação, e, se colocados na sombra, a temperatura cai rapidamente para algo próximo de -270ºC, quase o zero absoluto. Esse é um dos motivos de os trajes espaciais serem tão robustos e necessários para uma viagem espacial. Eles possuem muitas camadas de isolamento, refrigeramento e aquecimento para suportar as temperaturas extremas que os astronautas experimentam durante as caminhadas espaciais, pois em certos momentos estão expostos à luz e em outros diretamente sob a sombra.
A gravidade é nossa aliada
Como foi explicado anteriormente, o corpo humano é adaptado para viver em um ambiente com uma gravidade constante, e, ao levar esse mesmo corpo para um ambiente com microgravidade, como é o caso da Estação Espacial Internacional, a gravidade para de exercer um contrapeso vital para o funcionamento do corpo humano. O primeiro efeito é a falta de orientação, isso porque o líquido dentro do ouvido interno (órgão responsável pelo equilíbrio) fica flutuando dentro da câmara e não dá mais a direção de onde é o chão para o corpo.
Se engana quem pensa que a viagem ao espaço é a parte na qual o corpo mais sofre. Depois que o transporte já aconteceu e os astronautas chegam à Estação Espacial a falta de gravidade faz mal a seus organismos. Ela causa a perda de densidade óssea e massa muscular; como o ambiente não exige nenhum esforço de locomoção, o corpo começa absorver os músculos e o cálcio dos ossos.
Para diminuir os impactos, todos os astronautas devem fazer exercícios regulares e tomar muitos complexos de vitaminas para ajudar a manter os níveis estáveis. Muitas pessoas pesquisam sobre as vitaminas do complexo B e para que servem, e no caso dos astronautas elas atuam como fonte de reposição de células vermelhas, evitando a fadiga e o cansaço longas missões.
Além disso, a falta de gravidade afeta os discos, que ficam entre as vértebras na coluna; por falta do peso puxando o corpo para baixo, esses discos se esticam levemente, e os astronautas ganham alguns centímetros de altura, mesmo após sua volta à Terra.
Por fim, não ter gravidade afeta negativamente a visão de todos os astronautas. Na Terra, nossos olhos não são perfeitamente redondos; quando chegam ao espaço, eles tendem a ficar perfeitamente esféricos, pois toda a massa do órgão se reorganiza para ficar distribuída de forma homogênea, mesmo efeito que faz com que planetas, luas e estrelas também sejam esféricos; isso faz com que a geografia da córnea seja alterada, e, ao modificar essa estrutura, diversos problemas de visão são ocasionados, e a grande maioria volta das viagens espaciais precisando utilizar óculos pelo resto da vida.
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