Nos últimos meses, muito se tem falado no metaverso – e não apenas por causa da mudança de nome da empresa dona do Facebook! Neste artigo da Binance Academy, vamos explicar melhor este conceito e como é que o metaverso se cruza com o mundo dos criptoativos.
Os mundos financeiro, virtual e físico estão cada vez mais interligados. Os dispositivos que usamos para gerir as nossas vidas oferecem-nos acesso a quase tudo o que queremos, e de forma muito simples e prática.
O mesmo é verdade para o ecossistema cripto. NFTs, jogos de blockchain e pagamentos com moedas criptográficas não estão disponíveis apenas para os utilizadores mais envolvidos no mundo cripto. Agora, estão também disponíveis como parte de um metaverso em desenvolvimento.
Metaverso é um conceito de espaço virtual 3D online que “liga” os utilizadores em todos os aspetos de suas vidas. A ideia é interligar várias plataformas, como ocorre com a Internet, contendo diferentes sites acessíveis por meio de um único browser.
O conceito foi desenvolvido no romance de ficção científica Snow Crash, de Neal Stephenson, publicado originalmente em 1992. No entanto, embora a ideia de um metaverso tenha começado por ser ficção, agora é uma possível realidade no futuro.
O metaverso será potenciado por realidade aumentada e cada utilizador irá controlar um personagem ou avatar. Por exemplo, podemos fazer uma reunião de realidade mista com um Oculus VR no nosso escritório virtual, terminar o trabalho e descansar num jogo de blockchain. Em seguida, podemos gerir o nosso portfólio cripto e as nossas finanças – tudo dentro do metaverso.
Já existem alguns aspetos do metaverso em mundos virtuais de videojogos. Desde o Second Life ao Fortnite, passando por ferramentas de socialização profissional como o Gather.town, todos eles reúnem vários elementos das nossas vidas em mundos online. Embora essas aplicações não sejam o metaverso, apresentam algumas semelhanças; e a verdade é que o metaverso ainda não existe.
Além do suporte para jogos ou redes sociais, o metaverso combinará economias, identidade digital, governança descentralizada e outras funcionalidades. Atualmente, o processo de criação e recursos de propriedade de itens e moedas valiosos ajudam a desenvolver um metaverso único e unificado. Todos esses recursos fornecem à blockchain o potencial para alimentar esta tecnologia no futuro.
Videojogos e metaverso
Graças à ênfase na realidade virtual 3D, os videojogos oferecem, atualmente, a experiência mais próxima do metaverso. No entanto, isso não é só por serem 3D. Atualmente, os jogos oferecem serviços e recursos relacionados com diversos outros aspetos das nossas vidas. O Roblox, por exemplo, aloja eventos virtuais como shows e encontros.
Os jogadores vão além de, simplesmente, jogar; eles também usam os jogos para participar noutras atividades, como parte das suas vidas no ciberespaço. Por exemplo, no Fortnite, 12,3 milhões de jogadores assistiram à tournée virtual de Travis Scott.
Os jogos fornecem a faceta 3D do metaverso, mas não cobrem tudo o que é necessário, num mundo virtual, para abranger todos os aspetos da nossa vida. O setor de criptomoedas pode oferecer outras peças essenciais, como é o caso da prova digital de propriedade, recursos de transferência de valores, governança e acessibilidade. Mas o que isso significa, exatamente?
Se, no futuro, trabalharmos, socializarmos e até mesmo comprarmos itens virtuais no metaverso, precisaremos de uma maneira segura para comprovar a propriedade. Também precisamos nos sentir seguros ao transferir itens, bens e dinheiro pelo metaverso. Por fim, também queremos desempenhar um papel nas tomadas de decisões que ocorrem no metaverso, já que este será, supostamente, uma parte tão relevante das nossas vidas.
Alguns videojogos já contêm soluções básicas em relação a esses recursos, mas muitos desenvolvedores usam criptomoedas e blockchain como uma melhor opção. A tecnologia blockchain é uma forma descentralizada e transparente de lidar com estes tópicos. O desenvolvimento de jogos é uma atividade mais centralizada.
Os desenvolvedores de blockchain também influenciam o mundo dos jogos e videojogos. A gamificação é comum nos setores de Finanças Descentralizadas (DeFi) e GameFi. Aparentemente, haverá semelhanças suficientes no futuro para que os dois mundos se tornem ainda mais integrados. Os principais aspetos da tecnologia blockchain que são relevantes para o metaverso são:
1. Comprovação digital de propriedade: Ao possuirmos uma carteira com acesso às nossas chaves privadas, podemos provar, instantaneamente, a propriedade de atividades ou de ativos na blockchain. Por exemplo, podemos mostrar uma transcrição exata das nossas transações na blockchain durante o trabalho, como prova/prestação de contas. A carteira cripto é um dos métodos mais seguros e robustos para estabelecer uma identidade digital e comprovar propriedade.
2. Itens colecionáveis digitais: Assim como podemos estabelecer a posse de um bem, também é possível comprovar que um item é original e único. Isso é importante para um metaverso com a proposta de incorporar mais atividades da vida real. Através dos NFTs, podemos criar objetos 100% únicos, que nunca poderão ser copiados ou forjados. Uma blockchain também pode representar a propriedade de itens físicos.
3. Transferência de valores: O metaverso precisará de uma maneira de transferir valores com segurança, na qual os utilizadores confiem. Moedas usadas em jogos multijogador são menos seguras do que criptomoedas numa blockchain. Utilizadores que investirem muito tempo e até ganharam dinheiro no metaverso, precisarão de uma moeda em que confiem.
4. Governança: A capacidade de administrar as regras da nossa interação com o metaverso também deve ser um fator importante. Na vida real, temos direitos de voto em empresas e em eleições de líderes e governos. O metaverso precisará de implementar a governança de maneira justa. A tecnologia blockchain é comprovadamente capaz de fazer isso.
5. Acessibilidade: A criação de uma carteira está aberta a qualquer pessoa em blockchains públicas. Ao contrário de uma conta bancária, não precisamos pagar taxas ou fornecer detalhes pessoais. Por isso, é uma das maneiras mais acessíveis para gerir finanças e uma identidade digital online.
6. Interoperabilidade: A tecnologia Blockchain melhora continuamente a compatibilidade entre diferentes plataformas. Projetos como Polkadot (DOT) e Avalanche (AVAX) permitem a criação de blockchains personalizadas que podem interagir umas com as outras. Um único metaverso precisará de interligar vários projetos e a tecnologia blockchain já oferece soluções para isso.
Como seria um emprego no metaverso?
Como referimos, o metaverso combinará todos os aspetos da vida num só lugar. Enquanto muitas pessoas já trabalham em casa, no metaverso, podemos entrar num escritório 3D e interagir com os avatares dos nossos colegas. O nosso trabalho também pode estar relacionado com o metaverso e fornecer-nos um rendimento diretamente utilizável no metaverso. Na verdade, esses tipos de empregos já existem, de forma semelhante.
O GameFi e os modelos play-to-earn (jogar para ganhar) oferecem fontes de rendimento estáveis para jogadores em mundo todo. Estes empregos online são ótimos candidatos para a implementação do metaverso no futuro, pois mostram que as pessoas estão dispostas a gastar o seu tempo vivendo e trabalhando em mundos virtuais.
Jogos play-to-earn, como Axie Infinity e Gods Unchained, nem sequer têm mundos ou avatares 3D. No entanto, representam o princípio de algo que pode fazer parte do metaverso, como uma forma de ganhar dinheiro, inteiramente virtual.
Exemplos de metaverso
Embora ainda não tenhamos um único metaverso totalmente interligado, temos muitas plataformas e projetos com conceitos semelhantes aos de um metaverso. Normalmente, também incorporam NFTs e outros elementos de blockchain. Vamos ver três exemplos:
SecondLive
O SecondLive é um ambiente virtual 3D onde os utilizadores controlam avatares para socialização, aprendizagem e negócios. O projeto também tem um mercado NFT para troca de itens colecionáveis. Em setembro de 2020, o SecondLive hospedou o Harvest Festival da Binance Smart Chain, no seu primeiro aniversário. A exposição virtual apresentou diferentes projetos no ecossistema da BSC para exploração e interação dos utilizadores.
Axie Infinity
O Axie Infinity é um jogo play-to-earn que oferece aos jogadores de países emergentes a oportunidade de obter uma fonte rendimento consistente. Ao comprar ou receber três criaturas, conhecidas como Axies, o jogador pode obter (através de farming) os tokens Smooth Love Potion (SLP). Ao vendê-los no mercado aberto, é possível ganhar cerca de $200 a $1000 dólares, dependendo do tempo investido no jogo e do preço de mercado.
Embora o Axie Infinity não tenha opções de personagens 3D ou de avatares exclusivos, oferece uma oportunidade de trabalho semelhante ao do metaverso. Talvez já tenham ouvido falar dos filipinos que usam o jogo como alternativa ao emprego de tempo integral ou como um recurso de segurança social.
Decentraland
O Decentraland é um mundo digital online que combina elementos sociais com criptomoedas, NFTs e imóveis virtuais. Além disso, os jogadores têm um papel ativo na governança da plataforma. Como noutros jogos de blockchain, os NFTs são usados para representar itens colecionáveis. Também são usados para os terrenos LAND, de 16×16 metros, que se podem comprar dentro do jogo, com a criptomoeda MANA. A combinação de todos esses elementos cria uma complexa economia cripto.
O futuro do metaverso
O Facebook é uma das vozes mais altas para a criação de um metaverso unificado. O projeto de stablecoin do Facebook, Diem, é particularmente interessante para um metaverso com a economia movida por criptomoedas. Mark Zuckerberg mencionou explicitamente os seus planos de usar um projeto do metaverso para apoiar o trabalho remoto e oferecer mais oportunidades a populações de países emergentes.
As propriedades do Facebook em redes sociais, comunicação e plataformas cripto é um bom começo, sendo possível combinar todos esses mundos de forma unificada. Outras grandes empresas de tecnologia, como a Microsoft, a Apple e a Google, também estão a considerar o desenvolvimento de um metaverso.
Quando se trata de um metaverso movido pela tecnologia cripto, o próximo passo parece ser a integração entre os mercados NFT e os universos virtuais 3D. Os detentores (holders) de NFTs já podem negociar vários produtos em mercados como o OpenSea e o BakerySwap, mas ainda não existe uma plataforma 3D popular para essa finalidade. A uma escala maior, desenvolvedores de blockchain podem desenvolver aplicações populares do tipo metaverso, com o potencial para atingir um número de utilizadores maior do que gigantes da tecnologia.
Considerações finais
Embora um único metaverso unificado esteja provavelmente distante, já vemos desenvolvimentos nessa direção. Parece ser mais um caso de uso de ficção científica para a tecnologia blockchain e as criptomoedas.
Não é possível afirmar se algum dia teremos, realmente, um metaverso. Mas, enquanto isso, já podemos experimentar projetos desse tipo e continuar a integrar a tecnologia blockchain nas nossas vidas.
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