Nos anos 90, quando nos queríamos desligar bastava estarmos sozinhos. Mas hoje não. A capacidade de nos desligarmos do mundo foi uma das 10 coisas que perdemos com os smarphones.
A reflexão foi lançada por Pamela Paul, editora-chefe da seção de livros do The New York Times. A jornalista escreveu um livro, não traduzido para português, sobre as 100 coisas que perdemos com a chegada da internet.
Não vamos tão longe, à procura das 100, porque não temos espaço para tal, e também porque nos pratos da balança tem muito mais peso o que ganhámos do que o que perdemos.
Smartphones: as 5 coisas que perdemos
Para mim, a mais importante coisa que perdemos foi a capacidade de nos desligarmos ou, se preferirmos, de viver os momentos intensa e completamente. Aqui vai um exemplo: estar numa praia – ou com um grupo de amigos – descansado, a gozar o momento até ao instante em que surge a notificação ou a chamada que nos dá conta de um acontecimento importante. Notre Dame ardeu ou Trump foi eleito… lá se vai o momento, chega a preocupação ou o tema de conversa muda completamente.
A segunda coisa que perdemos foi a capacidade de sermos anónimos. Até andarmos todos com um smartphone no bolso cheio de redes sociais, apenas eramos conhecidos daqueles que efetivamente conhecíamos. Agora não. Quando damos por nós, vemos a nossa vida devassa por perfeitos estranhos.
E há também os objetos que se foram e os hábitos que se alteraram completamente. Quem é que ainda escreve cartas físicas ou cartões de Natal? Mais duas coisas que perdemos.
Eu, que sou viajante, gosto de chegar a uma cidade nova e de me perder Istambul: no mais famoso souk do mundo (hit-theroad.com). Agora, com o smartphone no bolso, é preciso uma grande disciplina para resistir à tentação de saber onde estou e como é que me dirijo para determinado lugar.
Estas são apenas 5 coisas que perdemos com os smartphones. De certeza que a lista de cada um é diferente e poderá ser muito mais extensa.
Mas a verdade é que foi muito mais o que ganhámos do que aquilo que perdemos.
No topo do que ganhámos está a obvia capacidade de podermos estar permanentemente em contacto com os outros, a qualquer hora e em qualquer lugar.
Este aparelho chama-se smartphone porque o seu nome não podia ser disruptivo. Depois do telemóvel, o novo equipamento tinha de ter no nome a referência ao telefone. Mas a verdade é que a capacidade de fazer chamadas é apenas uma das inúmeras utilizações que dele fazemos. E aí reside toda a sua magia.
Se a capacidade de nos perdermos foi uma das coisas que perdemos com o smartphone, a possibilidade de sabermos a nossa localização a qualquer momento e de a partir daí conhecermos a rota para o destino que queremos foi também uma das 5 coisas que ganhámos com o smartphone.
E quantas vezes nos acontece estarmos no meio de uma conversa e surgir uma dúvida. Com o smartphone, não há dúvida que persista. Com um ou dois toques fazemos a pergunta e obtemos a resposta. O acesso rápido à informação é uma das grandes mais valias do smartphone.
Antigamente, se queríamos fazer uma qualquer operação bancária tínhamos de nos dirigir ao banco e esperar nas filas. Podíamos demorar horas para resolver a questão. Agora, basta-nos abrir a aplicação do home banking e conseguimos fazer o que queremos à mesa do café.
Finalmente, ganhámos uma máquina fotográfica que cada vez mais é melhor e adequada à utilização que a maioria de nós faz dela. Já não precisamos de investir dinheiro em máquinas só para ficarmos com memórias daquele passeio, daquele encontro especial ou daquela festa. Basta irmos ao bolso e sacarmos do smartphone.
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