340 milhões de libras em Bitcoins foram parar ao lixo por acidente. Há 8 anos que James Howells tenta convencer o município de Newport, no País de Gales, a deixá-lo procurar o tesouro. Sem sucesso.
Em 2013, um engenheiro informático pôs o seu disco externo por acidente no lixo. Entre os dados, estavam 7500 bitcoins que agora valem cerca de 340 mil libras. Desde então, Howells, 36 anos, tenta convencer o município de Newport a deixá-lo procurar no aterro sanitário da localidade, mas continua a ter sempre uma não como resposta.
O argumento da Câmara é a sua preocupação em saber quem pagará o custo da escavação no aterro e por isso nega a pretensão, mas Howells diz que apenas quer a autorização e que os custos da operação serão por sua conta.
Mas vai mais longe. Ao jornal The Sun, Howells compromete-se a entregar ao município um quarto do valor em bitcoins que estão no disco externo se o encontrar.
O disco externo e o vaivém Columbia
Descobrir um disco externo num aterro sanitário é mais ou menos como procurar uma agulha num palheiro, mas o engenheiro informático está convicto de que o encontrará.
Ao longo destes oito anos, reuniu um verdadeiro “consórcio de peritos” que inclui engenheiros, ambientalistas e especialistas na recuperação de dados. E até tem consigo uma empresa que teve um papel determinante depois do desastre com vaivém espacial Columbia, que explodiu na atmosfera em 2003.
A Ontrack foi contratada pela NASA e conseguiu recuperar 99 por cento dos dados do disco rígido da nave. O disco estava danificado e queimado, tendo sido encontrado seis meses após o desastre no leito de um lago seco. Agora, a empresa considera que as hipóteses de que Howells recupere a sua fortuna andam na ordem dos 80 a 90 por cento.
Mas para isso, terá de encontrar o disco no aterro sanitário.
Um diálogo de surdos
Ao The Sun, James Howells diz estar a pedir ao município “um estudo de viabilidade de três meses para que possamos sentar-nos a delinear os nossos planos e eles possam apresentar as suas preocupações e nós possamos responder-lhes, mas eles não me darão isso”.
Escavar a área de 200 metros quadrados onde acredita que estará o disco rígido levará qualquer coisa como 9 a 12 meses, implicando a remoção de 200 a 400 toneladas de lixo. Para não danificar o disco, o trabalho teria de ser altamente especializado e custaria um valor perto das 600 mil libras, recorrendo-se a tecnologia de IA especialmente criada para o efeito, esteiras de transporte e aparelhos de varredura de raio X.
Para conseguir o dinheiro necessário à operação, James Howells tem o apoio de um fundo de investimento.
Mas estes valores não convencem o município.
Um porta-voz oficial afirmou ao jornal britânico que “o custo de escavação do aterro, armazenamento e tratamento dos resíduos poderia atingir milhões de libras – sem qualquer garantia de o encontrar ou de ainda estar em condições de funcionamento”. Além do mais, a escavação teria “um enorme impacto ambiental na área circundante”.
340 milhões de libras em bitcoins
O disco externo que repousa a 18 metros de profundidade no meio de uma lixeira tem atualmente um valor de 240 milhões de libras em bitcoins. Já valeu mais e poderá ainda ver o seu valor aumentar exponencialmente.
“A avaliação actual é de 342 milhões de libras, mas há cerca de uma semana estava no seu auge de 420 milhões de libras”, afirma Howells, que sublinha não ter dúvidas de que “no próximo ano vai valer £550milhões, £600milhões, ou mesmo £700milhões”.
Mas com a não linear do conselho da cidade de Newport, no País de Gales, os milhões que vale o disco externo assemelham-se mais a uma miragem. Ou, neste caso, a uma criptomiragem.
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