Os iates sempre foram símbolo de riqueza ao redor do mundo, e, durante a pandemia, esse lazer de luxo ganhou uma nova função para aqueles que podiam pagar: o distanciamento social. No Brasil, de acordo com a Acobar (Associação Brasileira de Barcos), houve um aumento de 20% nas vendas destas embarcações no ano de 2020, o que acabou contribuindo para o crescimento deste tipo de frota no mundo.
Entre as opções mais luxuosas estão os megaiates – embarcações conhecidas por seu diâmetro acima de 90 metros – que têm um impacto devastador no planeta. A Universidade de Indiana realizou um cálculo, no qual um superiate, com tripulação, heliporto, submarino e piscina, emite mais de sete mil toneladas de CO2 por ano.
Atualmente, estima-se que as embarcações desse tipo juntas emitam por anos cerca de dois milhões de toneladas de CO2, número que ultrapassa as emissões anuais individuais de quase um quarto dos países do mundo.
Para compreender melhor o volume de poluentes emitidos por esses barcos é possível fazer uma comparação com Portugal. De acordo com o Pordata (base de dados sobre Portugal), todo o país durante o ano de 2019, foram emitidas 50 mil toneladas de CO2 no total, contando todas as fontes desse gás no país, como veículos e indústrias, mesmo assim, o valor é inferior à quantidade emitida por essa categoria de barcos anualmente.
Outra comparação interessante é com o estado com mais automóveis da América Latina: São Paulo, no Brasil. Mesmo com uma mudança de hábitos gradativa na população, que vêm se questionando se devem comprar ou alugar carros, visando economia, e um aumento considerável de opções de transporte alternativo e coletivo nos últimos anos, como carros de aplicativo de linhas de metrô, segue sendo uma das cidades mais poluentes nesse sentido.
Mesmo com esse cenário, de acordo com o relatório de emissões veiculares da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), em 2018, São Paulo emitiu 299 mil toneladas de CO2 originadas de veículos, quantidade que não chega nem perto das emissões anuais dos megaiates.
Visando isto, o empresário Aaron Olivera, nascido em Gibraltar e residente de Singapura, revelou uma ideia inovadora, que vai unir o luxo com a ideia ambiciosa de salvar o planeta, através de pesquisas científicas que buscam mitigar os efeitos do aquecimento global ao redor do mundo.
O Terra 300 (batizado de Earth 300, em inglês) faz referência ao seu comprimento de 300 metros, que, se construído, se tornará o maior superiate do mundo. Este posto atualmente é ocupado pelo Azzam de 179 metros, que pertence à família real de Abu Dhabi.
Como será esse tipo de lazer de luxo?
O projeto inicial apresentado conta com uma esfera única de 13 andares, que irá contar com duas dúzias de laboratórios científicos, que coletarão dados das viagens do navio, buscando soluções que ajudem a encontrar formas de amenizar a crise climática.
Através de uma plataforma de código aberto, apoiada por um computador quântico, que emprega propriedades da mecânica quântica, para atingir velocidade e potências incríveis, vai também permitir que a comunidade global participe dos eventos. Porém, essa máquina ainda está em fase de testes por empresas como Google e IBM.
Com capacidade para comportar 425 pessoas, terá dois grupos principais: 165 tripulantes e 160 cientistas. Também haverá 20 alunos e um grupo de 20 especialistas de diversas áreas – a ideia é formar um “caldeirão multidisciplinar”, segundo Olivera.
Os turistas terão à sua disposição 20 suítes VIP no navio pelo custo projetado de cerca de US$ 1 milhão por pessoa, sob o intuito de financiar as pesquisas a bordo da embarcação.
Além de tudo isso, o megaiate funcionará através de um novo tipo de reator nuclear, movido a “sal derretido”, completamente autossustentável, que ainda está sendo desenvolvido em um laboratório britânico, fazendo com que tenha um impacto no meio ambiente extremamente pequeno.
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