Não é de hoje que há uma relação entre criptomoedas e marcas de luxo diversas. Em 2018, quando a marca Reserva passou a aceitar Bitcoin como forma de pagamento em sua loja virtual, foi o maior burburinho no mercado da moda no Brasil, estabelecendo-se como uma das pioneiras do e-commerce ao inovar assim.
Na Europa, a Philipp Plein – marca alemã de moda de luxo – está aceitando a criptomoeda como forma de pagamento, consolidando-se como o primeiro grande grupo de moda de luxo a operar também neste sistema.
São 15 formas diferentes de criptomoedas aceitas pela grife, incluindo Bitcoin e Ethereum. Os consumidores poderão usar a moeda digital para pagar por itens nas lojas físicas do grupo em todo o mundo, bem como na plataforma de e-commerce da marca, a plein.com.
Há inúmeros movimentos observados de marcas de luxo consagradas internacionalmente apostando nesse caminho – mais disruptivo e inovador. A novidade agora é que muitas marcas vêm explorando um patamar diferente na relação comercial com o universo das criptos, expandindo sua atuação para além da relação de compra e venda.
Mundo das criptomoedas e marcas de luxo juntos pela segurança
A tendência verificada mais recentemente é o uso da tecnologia blockchain na valorização da autenticidade das marcas e na luta contra as falsificações, seguindo a onda do momento de significativa alta de ativos digitais como os NFTs, os tokens não fungíveis.
Funcionando como uma assinatura digital ou um selo criptográfico vinculado a uma criação, que garante a originalidade de uma determinada peça, os NFTs têm atraído a atenção e o investimento de diversas empresas do mercado de luxo e de moda, que vivem essencialmente do atributo da exclusividade, oferecido em seu mais alto nível e de forma única aos seus consumidores.
Criando comunidade e lealdade, por meio de tokens sociais
Isso ocorre essencialmente por dois fatores: primeiramente porque, operando na lógica do blockchain, as marcas conseguem assegurar a procedência única e incomparável de seus produtos, interconectando suas frentes de negócios físicos com o digital.
Segundo porque as NFT`s têm hoje um potencial de viralização incrível nas redes sociais, impactando influenciadores e gerando uma massa de seguidores e admiradores da marca, o que no final do dia resulta em novas oportunidades de fidelização do cliente e em ganhos de imagem para as marcas. E, se tem uma coisa importante para uma marca de luxo, é o caráter inovador de sua imagem junto ao seu público.
Um exemplo de sucesso neste segmento é o da Nike. Em 2019, ela patenteou o projeto “CryptoKicks”, um sistema para lançamento de calçados digitais, que pode vincular os tênis físicos às suas versões virtuais, para serem vendidos, transferidos ou armazenados no ambiente online, através da tecnologia blockchain.
Cada tênis passará a ter um registro único na rede, que, além de torná-lo exclusivo, facilita o processo de verificação dos calçados pelos sneakerheads, como são chamados os amantes e colecionadores da marca.
Recentemente, a revista Vogue de Singapura também apostou nessa união entre o mundo fashion e a tecnologia blockchain e lançou uma coleção com duas versões da capa da revista e diversas artes gráficas em NFTs, em um projeto em parceria com a Binance, a maior plataforma de criptomoedas do mundo.
Além das capas exclusivas, a publicação apresentou o ‘Flame Dress’ para comemorar o 10º aniversário do diretor criativo da grife Balmain, Olivier Rousteing, que projetou um modelo de vestido exclusivamente virtual, disponível para compra como um NFT.
Usando a criptografia para rastrear a procedência de bens de luxo
Outro case interessante é a união de três conglomerados rivais no setor de luxo europeu para estabelecer um novo consórcio blockchain, com LVMH, Richemont e Prada juntas.
Será possível averiguar por este sistema as origens do produto – desde as matérias-primas até o ponto de venda. A próxima fase da plataforma explorará a proteção da propriedade intelectual criativa, ofertas e eventos exclusivos para os clientes de cada marca.
Até programas de recompensas a gente já vê por aí, usando Bitcoins para presentear comunidades de fãs, substituindo os tradicionais programas de fidelidade. É o que faz a plataforma Lolli, que envia Bitcoins diretamente para as carteiras dos clientes ao fazerem compras online com seus parceiros.
Em Portugal, a marca de sapatos Josefinas vem se destacando nesse universo mais arejado e tecnológico, como a primeira marcas de luxo portuguesa de moda a proteger a sua propriedade intelectual em blockchain.
À medida que o mercado de criptos e tokens não fungíveis aumenta, com novas moedas surgindo, como a Polkadot, as marcas têm a oportunidade de fidelizar o cliente de diferentes maneiras. O que fala mais alto é a criatividade e a ousadia para se permitir pensar em jeitos novos de conquistar a atenção e a preferência do cliente.
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