Os certificados de vacinação falsos já chegaram a Portugal, havendo sites portugueses a vender este tipo de documento por 150€. A fraude é global e o número de anunciantes e subscritores disparou, multiplicando 10 e 12 vezes, respetivamente. Foram identificadas novas técnicas de venda que recorrem a bots para criar certificados na hora.
Portugal entre os países para os quais se expandiu o mercado negro
De acordo com a Check Pont Research, o mercado negro dos certificados de vacinação falsos expandiu a sua área de abrangência, incluindo agora 29 países. Portugal é um dos 9 países que se estreiam nesta lista, juntamente com a Áustria, Brasil, Letónia, Lituânia, Malta, Singapura, Tailândia e Emirados Árabes Unidos.
Telegram é principal veículo para a fraude com certificados de vacinação falsos
A 10 de agosto de 2021, a Check Point Research identificou cerca de 1000 anunciantes no Telegram. Atualmente, são mais de 10 000 os utilizadores a oferecer certificados de vacinação falsos.
O Telegram é uma das principais plataformas onde decorrem estas transações ilícitas. Aqui, os vendedores organizam-se em grupos com um dado número de subscritores. Recentemente, foi identificada uma rápida aceleração do número de subscritores e seguidores, com alguns grupos a atingir os 300 000 membros – um número inédito até então. A drástica subida deve-se, no entender da Check Point Research, ao plano de vacinação obrigatória anunciado pela administração norte-americana na passada semana.
Novas técnicas: Bots
A pandemia tem vindo a tomar novos contornos, com a vacinação na Europa a alterar o estado das coisas, mas nem por isso os cibercriminosos dão sinais de abrandamento da sua atividade, encontrando novos meios para a sua fraude.
O mercado negro continua a adaptar-se, melhorando a sua capacidade de resposta e distribuição. Os investigadores da Check Point Research descobriram novas técnicas às quais os anunciantes têm recorrido para aumentar as suas vendas. Na Áustria, por exemplo, foi detetado um bot do Telegram que cria certificados de vacinação falsos gratuitamente. A única coisa que o potencial interessado tem de fazer é preencher os dados relevantes e um ficheiro PDF será partilhado com todas as informações providenciadas.
Fraude massificada
“Temos acompanhado o mercado negro dos serviços relacionados com a COVID-19 durante todo o ano. Em janeiro, a sua principal plataforma era a Darknet, cujo acesso exige um software específico. Na altura, o mercado era provavelmente concebido para dealers, ou seja, pessoas que podiam distribuir em massa os produtos falsos em certas geografias. No decorrer dos últimos 9 meses, assistimos à massificação do mercado negro, numa transição macro para o Telegram.O Telegram é uma plataforma apelativa para os anunciantes dadas as possibilidades de anonimato, alcance e escala. O crescimento do mercado negro dos certificados de vacinação tem sido exponencial. No caso dos EUA, o preço de um certificado falso duplicou. Em termos de alcance, houve uma expansão para outros nove países. Estimamos que o número de vendedores tenha aumentado 10x. O número de subscritores dos grupos de venda, organizados no Telegram, aumentou 12x. À medida que forem avançadas mais medidas que exijam provas de vacinação, o expectável é que o mercado negro de certificados continue a prosperar”, refere Oded Vanunu, Head of Products Vulnerabilities Research at Check Point Software.
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