Quase uma década após o lançamento de The Force Unleashed II, vários fãs de Star Wars vinham pedindo um novo título da saga que reunisse a excelência de uma boa história enquadrada na cronologia original com uma experiência de combate com sabres-de-luz e uso da força de forma satisfatória e visualmente apelativa.
Star Wars Jedi: Fallen Order é a imagem perfeita de um videojogo single-player ideal para esta saga, que nos envolve num ambiente mais obscuro do que o habitual no universo de Guerra das Estrelas, mas que condiz na perfeição com a sua colocação na cronologia da história principal.
O videojogo desenvolvido pela Respawn revela-se um misto de algumas das características que atraem os fãs de Dark Souls e Uncharted, nunca escondendo o seu caráter marcadamente de RPG, com uma história rica e fiel aos pergaminhos de George Lucas. Utilizando o Google Stadia como ferramenta de jogo para este título, esta é a análise ao Star Wars Jedi: Fallen Order.
Star Wars Jedi: Fallen Order recompensa o jogador com uma história envolvente
Ainda que a primeira hora de jogo passe por uma introdução aos aspetos técnicos do jogo e também a todo o contexto da história, o trabalho feito em Jedi: Fallen Order na escrita torna a experiência de jogo ainda mais cativante. A história passa-se cinco anos após os acontecimentos de Revenge of The Sith, com a galáxia a viver anos de desconfiança e medo após a Order 66 e o regime autoritário imposto pelo imperador Palpatine.
O prólogo mistura a dinâmica de um tutorial de muita ação com a introdução das personagens, tanto ao jogador, como entre elas. Vendo a história na perspetiva da personagem principal, Cal Kestis, um Jedi sobrevivente ao massacre ordenado por Palpatine, somos introduzidos à “caça ao Jedi” que é feita pelo grupo Inquisitorius e que nos apresenta à principal antagonista de Jedi: Fallen Order: The Second Sister.
Imediatamente após o confronto, somos introduzidos a Cere Junda e Greez Ditus, capitão da nave Stinger Mantis, que levam Cal a conhecer o seu principal companheiro: BD-1. Tal como R2-D2 ou BB-8, BD-1 (também chamado de “Buddy”) herda um caráter adorável, mas que em Star Wars Jedi: Fallen Order junta a sua aparência inofensiva a várias habilidades úteis para o jogador, a um papel bastante importante na história, ao ser a chave para o acesso ao legado do Mestre Jedi Eno Cordova.
Ainda que utilizando moldes bastante semelhantes ao que vemos nos filmes de Star Wars, Jedi: Fallen Order não se repete na narrativa, ainda que a sua estrutura possa parecer algo familiar. Para além de explorar muito bem o ambiente que se vive sob a ameaça das forças do Império Galáctico, a história explora não só a missão de Cal Kestis em restaurar a Ordem Jedi, mas também a história de personagens secundárias como Cere Junda (uma das melhores histórias que uma personagem secundária já teve na série de vídeo jogos Star Wars) e também da antagonista Second Sister, que não se trata de uma mera personagem do lado negro da força, mas sim de um elo de ligação para com todo o enredo.
Os primeiros minutos fascinam com as mecânicas de combate e visuais
Ainda que elogios possam ser imediatamente feitos à história de Star Wars Jedi: Fallen Order, o primeiro impacto do videojogo é causado pela sua dinâmica e jogabilidade. Aliás, atribui-se aqui às mecânicas do jogo a temporização perfeita para que o jogador se envolva na história.
Se, por um lado, podemos claramente detetar os traços de jogo de ação e aventura, o modo de combate é claramente inspirado numa das séries de RPG mais conhecidas do mundo: Dark Souls. O estilo de confronto com o alvo/inimigo propõe um pensamento estratégico da forma como fazemos uso do nosso sabre-de-luz para atacarmos ou defendermos, recompensando o bom timing com efeitos visuais muito satisfatórios.
Apesar de não elevar o grau de dificuldade de combate aos níveis de Dark Souls, Star Wars Jedi: Fallen Order incentiva o jogador a aprender a tirar partido das capacidades de Cal Kestis como Jedi ao manusear o seu lightsaber e a usar a Força da forma mais adequada face ao inimigo que se está a confrontar. Apesar de ser mais acessível, não deixam de haver surpresas quando somos confrontados com um grupo de inimigos que podem facilmente tornar-se um problema.
Ainda assim, não se pode deixar de destacar que este é um dos melhores (se não, o melhor) videojogo da saga Star Wars para os amantes de lutas com lightsabers. Os efeitos visuais em combates de Cal contra outros utilizadores de sabres-de-luz são simplesmente brilhantes e fazem justiça à arma sci-fi mais conhecida do planeta.
Já a navegação pelo mapa usa e abusa de um sistema de plataformas que pode não agradar a todos, mas que se revela fluído e adequado, não requerendo grande adaptação do jogador à forma como é necessário fazer Cal correr e saltar entre partes do mapa. O processo acaba por ser intuitivo e em crescendo, já que novos planetas trazem novos desafios. Ainda que possam parecer confusos em fases mais iniciais do jogo, facilmente entramos na mentalidade do jogo e interagimos de forma fluida com o mapa.
A brilhante a forma como este título envolve o jogador e o obriga a concentrar-se no percurso a ser feito e na forma como se enfrenta os inimigos, leva a que facilmente se possa ignorar pormenores sobre o mapa ou até pontos fulcrais. Aqui entra BD-1, que serve como o nosso analista pessoal para fazer scan a plantas, criaturas, gravuras em paredes, entre outros artefactos que nos dão a conhecer pormenores fulcrais para a história, mas também criam uma maior amplitude e riqueza em cada parte do mapa.
Aliás, BD-1 acaba por ser uma ajuda passiva durante todo o jogo. Estando pendurado nas costas de Cal, BD-1 é o responsável por nos fornecer pequenas curas, percorrer slides e até “hackear” outros robôs de combate, revelando que para além de adorável, é também um robô inteligente e muito útil para o jogador.
Uma aventura intergaláctica que não desilude na sua amplitude e profundidade
Como seria de esperar de um título de Star Wars, somos aqui levados a vários planetas e ambientes distintos. Se alguns podem ser conhecidos do público, como o planeta Dathomir (terra natal de Darth Maul) ou Kashyyyk (planeta dos Wookies), outros ambientes explorados acabam por dar um maior conhecimento ao jogador sobre o universo de Star Wars. Isto, claro, sem deixar de nos colocar dentro dos corredores escuros de naves e edifícios gigantes do Império.
Ainda que a primeira vista cada um dos planetas possa ter um percurso bem definido, a verdade é que temos aqui uma amplitude fabulosa. O jogador pode limitar-se a fazer o percurso que o leva a completar a história, mas há vários incentivos do jogo, como verdadeiro RPG, para a exploração. Ainda assim, essa exploração não pode ser feita sem que um processo evolutivo seja levado a cabo, sendo necessário evoluir as habilidades de Cal Kestis para que certas partes do mapa sejam acessíveis ao jogador.
Por entre inimigos e sequências de plataformas, os vários planetas oferecem pontos de meditação, onde o jogador pode meditar de forma a recuperar a sua vida e cápsulas de cura que o BD-1 nos fornece, fazendo renascer todos os inimigos do mapa. Estes pontos de meditação (inspirados nas bonfires de Dark Souls), servem para guardar o progresso e restaurar vida, mas também para utilizar os pontos de habilidade, que podem ser investidos nas capacidades de uso da Força, ataque com lightsaber ou defesa por parte de Cal.
Sendo um jogo single-player, Star Wars Jedi: Fallen Order não deixa de dar a opção de alterar a aparência de Cal, com roupas e também novas configurações para o seu sabre-de-luz. BD-1 poderá também ter novas aparências, o que se torna pertinente já que este é o responsável por vasculhar caixas abandonadas que nos dão as novas configurações.
A experiência no Google Stadia
Tendo jogado o Star Wars Jedi: Fallen Order através do Google Stadia, cabe aqui fazer menção à experiência com o serviço de streaming da Google. Ainda que muitos possam criticar o delay entre ordem e ação no jogo, a verdade é que nunca durante o teste a este título me senti afetado pela mesma, que cada vez é menos notória.
A verdade é que os únicos problemas que podem afetar a experiência de jogo através do Google Stadia estão apenas relacionados com a conexão. A exigência intransigente por uma ligação à internet pode, por vezes, limitar os jogadores em dias em que os servidores das nossas operadoras não ofereçam um serviço de qualidade. Apesar de não se poder atribuir a culpa da qualidade da internet à Google, seria interessante que a própria oferecesse melhores soluções, com mais opções de compressão da imagem.
Problemas de conexão à parte, toda a experiência foi muito positiva. Apesar de algumas críticas que foram feitas à versão para consola, não nos deparamos com qualquer bug ou glitch de relevo, pelo que recomendamos o uso do Google Stadia para correr o mais recente título de Star Wars, que pode ser adquirido na plataforma com um preço base de 49,99 euros.
A nossa análise
Star Wars Jedi: Fallen Order
Star Wars Jedi: Fallen Order acaba por se revelar um misto de boa jogabilidade e boa história, com um enlace perfeito entre várias características, que acaba por recompensar todos os fãs que aguardavam por um novo RPG de Star Wars. Destaca-se a dinâmica entre Cal e as personagens secundárias, com especial mérito no papel de BD-1 na jogabilidade e Cere Junda na riqueza da história. Este projeto ambicioso desenvolvido pela Respawn conseguiu a proeza de oferecer uma história cativante (ainda que demore a prender o jogador), oferecendo uma jogabilidade ideal para o combate com lightsabers, mas também adaptada à exploração e que tira partido de visuais, mecânicas e banda sonora para envolver o jogador num ambiente imersivo e bastante fiel à saga original de Star Wars.
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