- Artigo de opinião de Raphael De Perlinghi, Director Consumer Business EMEA, Targus
As cada vez maiores pressões dos reguladores e dos consumidores elevou a importância da sustentabilidade e colocou-a ainda mais na agenda das empresas em todo o mundo.
A visão de longa data entre muitos dos líderes empresariais é de que a sustentabilidade é apenas uma opção, a qual está numa longa lista de iniciativas de responsabilidade social empresarial. Esta abordagem não é uma solução viável. Sem ter a sustentabilidade ligada a todos os aspetos do negócio, as iniciativas podem desmoronar rapidamente e deixar os negócios a batalhar com reações adversas. Já vimos empresas como a Volkswagen a perderem interesse do publico pelo facto de não quererem fazer lavagens verdes aos seus clientes.
O compromisso com a sustentabilidade – quer envolva responsabilidades ambientais, éticas ou sociais – é um grande feito. A melhor maneira de o fazer é incorporar esses mesmos fatores na tomada de decisão estratégica das empresas.
Neste artigo, olhamos para alguns dos equívocos mais comuns no que respeita à sustentabilidade e analisamos como as empresas podem fazer o seu caminho.
1. Garrafas de plástico não são assim tão fáceis de encontrar
Quando pensamos em reciclagem, muitos imaginamos várias garrafas de plástico a flutuar nos rios, oceanos e espalhadas pelos aterros sanitários em todo o mundo. Não é de admirar que os consumidores tenham dificuldade em entender por que razão não existem mais empresas a reutilizar garrafas de plástico nos seus produtos.
A verdade é que, embora existam muitas garrafas de plástico, as matérias-primas necessárias para produzir produtos reciclados podem ser difíceis de obter. Isso deve-se em grande parte ao fato de haver apenas um número limitado de fábricas em todo o mundo que têm a capacidade e os recursos para transformar essas garrafas em materiais que podem ser efetivamente reutilizados.
Garrafas de plástico fazem uma longa viagem antes de serem reutilizadas. As garrafas são primeiro trituradas em pequenos flocos, que precisam ser posteriormente repolimerizados em lascas de plástico. Estas lascas são aquecidas e fiadas em fios maleáveis. O fio pode ser costurado em diversos acessórios (de bolsas a roupas, as opções são quase infinitas)!
2. Fabrico sustentável pode ser rentável
Ouvimos frequentemente da parte dos revendedores que as gamas de produtos sustentáveis simplesmente não são lucrativas derivado aos custos associados à reciclagem, ao fornecimento de materiais, à garantia de produção, ao embalamento e a uma entrega ecologicamente correta, entre outras. Uma pesquisa da Economist Intelligence Unit ( EIU) revelou que 57% dos principais executivos acreditam que os benefícios dos esforços para alcançar a sustentabilidade superam os custos.
Qualquer empresa com uma visão de futuro percebe que o fabrico e as operações sustentáveis são um compromisso a longo prazo. Uma mentalidade que pode, a longo prazo, resultar numa vasta gama de benefícios para os negócios, variando entre o valor do acionista à imagem positiva da marca – tudo isso a contribuir para uma operação lucrativa.
3. Os consumidores são indiferentes às credenciais
Como revendedores e fabricantes, estamos familiarizados com credenciais como Global Recycling Standard e o grande standard a nível de responsabilidade que estas credenciais assumem relativamente às empresas quando se trata de práticas sustentáveis. Estas certificações são excelentes para ajudar os consumidores e as partes interessadas a compreender que uma empresa foi submetida a verificação de terceiros de forma a garantir que está realmente no caminho da responsabilidade ecológica.
Mas será que o consumidor comum sabe e compreende o que estas credenciais significam? Mais importante, será que se importam com o fato de a marca da bolsa ou dos sapatos que compraram estar a respeitar essas credenciais e regulamentos?
A resposta curta e crua é não! As decisões de compra de um consumidor tradicional concentram-se principalmente em fatores como preço, praticabilidade e lealdade à marca. O ónus recai sobre as próprias empresas, não apenas em garantir que estão a desempenhar o seu papel em educar os consumidores sobre essas credenciais, mas também para garantir que os seus produtos são tão práticos quanto sustentáveis.
4. Empresas que não apanhem o comboio da sustentabilidade estão a correr um grande risco
H. Lee Scott, Presidente e CEO do Wal-Mart, disse tudo com a frase: “A sustentabilidade é a maior oportunidade de negócios do século XXI e será a maior vantagem competitiva das empresas”. Esta citação é verdadeira para qualquer empresa atual.
Muitas vezes vemos as empresas a fazer alterações na maneira como operam apenas quando se sentem ameaçadas – mas isso já pode ser tarde demais. Um exemplo disso é a indústria automóvel, por exemplo. Antes da Tesla entrar em campo com as suas soluções revolucionárias, os outros fabricantes de automóveis eram muito limitados em apresentar ofertas inovadoras. Nessa altura, já estavam muito atrasados.
O mesmo se passa com a sustentabilidade. Tanto de forma global como local a nível da UE, começamos a ver os legisladores e os reguladores a adotar medidas firmes no sentido de elevar os padrões ambientais. Como empresa, a última coisa que vai querer é estar na cauda quando estas iniciativas se transformarem em regulamentos – e é apenas uma questão de tempo até que isso aconteça.
Quando olhamos para as empresas que já existem há algum tempo, a sustentabilidade nem sequer estava na agenda, quanto menos como uma prioridade. É compreensível que seja difícil para essas empresas fazer a mudança consciente em direção a práticas mais sustentáveis, incorporando-as em todos os aspetos das suas operações.
À medida que as exigências da sociedade evoluem, qualquer bom negócio deve responder com produtos e modelos de negócios que respondam a essa demanda. Essas necessidades de mudança devem ser levadas em consideração nas principais estratégias de negócio das empresas de forma a garantir que as empresas estão a responder às necessidades da sua base de clientes.
5.Sustentabilidade não é uma moda
Nas últimas duas décadas, vimos muitas mudanças nas modas (lembram-se dos dias dos óculos da Google?)
A sustentabilidade certamente não será uma moda passageira. Está aqui para ficar. Na verdade, nos próximos anos, esperamos que penetre entre quase todos os aspetos do estilo de vida dos negócios e dos consumidores.
Uma pesquisa recente da Nielsen mostrou que 58% dos consumidores pagariam um prémio por uma marca ecológica, mas esse número aumenta significativamente, cerca de 72%, quando as idades são entre os 15 a 20 anos, a geração futura.
É claro que a responsabilidade ecológica é uma mentalidade que está a ser passada de geração em geração, e as empresas têm um papel gigante a desempenhar para garantir que prospere. A sustentabilidade será um fator importante nas decisões empresariais e nos consumidores.
Eu próprio, como líder empresarial, considero que é minha responsabilidade ajudar a fazer crescer um futuro sustentável.
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