Lançado há 55 anos, O Que Terá Acontecido à Baby Jane?, ganha as telas de cinema de arte, enaltecido, principalmente, pelo recente sucesso da série “Feud – Bette & Joan”, de Ryan Murphy, sobre os bastidores conturbados do filme em questão, de Robert Aldrich.
É notório que as atrizes Bette Davis e Joan Crawford nutriam indeléveis rixas pessoais e, embora admirassem o talento uma da outra, ambas aceitaram dividir o set de filmagem almejando provar, cada qual, sua supremacia artística.
Eletrizantes cenas de tensão, repletas de olhares fulminantes dão a tônica do suspense, com um humor negro indefectível.
O roteiro coloca em pé de guerra duas irmãs, que outrora foram famosas crianças do teatro e cinema, mas que na fase adulta caíram no ostracismo involuntário após um acidente automobilístico. Jane Hudson (Bette Davis), ficara conhecida como Baby Jane, no palcos dos idos anos 1930. Sua irmã, Blanche Hudson (Joan Crawford), entrevada numa cadeira de rodas, sofre com o terrorismo psicológico imposto sob os “cuidados” da irmã.
A competente direção de Robert Aldrich valoriza os dissabores das personagens, em cenas de primeiro plano, onde os olhares gritam. Fotografia, trilha sonora e direção de arte equalizam-se para a composição de um ambiente soturno e lúgubre.
Quanto às atuações…um show à parte. Joan Crawford, imprime resiliência, relutância e pavor em medidas certas. Sua personagem nos enche de compaixão insuspeita. Bette Davis nos arrebata com uma atuação antológica, onde cada gesto, olhar e arrastada de pés, nos possibilita identificar seu estado de humor.
São duas atuações com alto risco caricatural, entretanto, dominadas magistralmente por atrizes empenhadas em provar que o cinema era feito de beleza, talento e Divas. Um deleite para todo cinéfilo.
Não fossem esses monstros sagrados da Sétima Arte…”O que teria acontecido à Hollywood?”
Também pode gostar de: O espaço aterrorizante de Alien: a claustrofóbica ameaça de um passageiro
Comentários