20 anos. Duas décadas. É muito tempo. Mais ou menos o tempo (psicológico para mim) que demorou até voltar ao activo. Mais uma vez, muito tempo.
Mas voltei. Para assinalar o regresso à escrita compulsiva e constante – yey! -, inicio uma nova rúbrica aqui no TecheNet. Retrolhada.
Que como o nome indica, será retro.
Ok, o nome não é o mais inteligente do mundo. Tentemos que o conteúdo se mantenha com a qualidade habitual (?).
Para começar, nada melhor do que falar da franchise que celebra 20 anos em 2016 – Pokémon. Contudo, não falarei de todas as versões. Vou apenas centrar-me no meu primeiro cartucho amarelo-claro. Ou seja, no Pokémon Yellow.
Corria o ano de 1999. Por volta desta altura, o fascínio Dragon Ball estava a começar a perder um pouco do seu gás inicial, dando lugar a uma nova saga recheada de cartas, autocolantes, bonecos, jogos, séries, filmes – Pokémon. Era vê-los, os pequenitos, em círculo no recreio, de Game Boy em riste, todos conectados por cabos, trocando e batalhando pelo título do melhor treinador de Pokémon da escola. Menos eu.
Eu não tinha nem o Pokémon Red, nem o Blue, portanto apenas via de fora. Como um pequeno Bug Catcher, nada mais que um imponente espectador de tão pequenos Reds e Blues, prontos a conquistar os 8 crachás. Até que um dia, por chegar ao 4º ano, sou recompensado com o Pokémon Yellow. Não era o Charizard, nem o Blastoise na capa. Era o pequeno Pikachu.
Isto tornou-me o miúdo esquisito na escola. Primeiro, porque o meu jogo tinha gráficos muito mais desenvolvidos ao nível dos sprites (este jogo foi lançado uns anos mais tarde para alinhar os títulos originais ao enredo do anime). Depois, porque o meu Pikachu, contrariamente aos restantes jogos, andava fora da Pokébola e, mais importante que tudo, falava.
Não estão a perceber o que isto significava. Todos tinham os seus favoritos – Dragonite, Mewtwo, Snorlax, Machamp. Todos imaginavam gritos épicos de batalha. Porém, o que tinham era qualquer coisa como RRRBISGJSIGSIRR. Ou seja, isto:
Menos eu. Eu tinha um pequeno Pikachu que não evoluía para Raichu, que aprendia o Slam e o Thunderbolt de forma natural, e que falava como na série. I kid you not – o pequeno amontoado de pixels, para além de correr atrás de mim, gritava PI-KA-CHUUU. Mas não foi só isso que me catapultou para o topo da cadeia Pokémon na minha escola.
Todos os meus colegas tinham de fazer uma negociação muito dura para conseguir um Starter (Charmander, Squirtle, Bulbasaur) diferente dos seus, pois só existia um no início do jogo. Menos eu. Eu tinha acesso, durante o jogo, aos três, colocando-me numa equipa épica de destruição. E por algum tempo surpreendi todos os utilizadores do combo Mewtwo-Alakazam-Dragonite. Até ter percebido que, se o Dragonite ainda marchava com o Ice Beam, o Alakazam matava-me em 3 Psychic. Se tivesse a sorte de o conseguir paralisar e vencer, era absolutamente dizimado pelo Mewtwo.
RAISPARTA O MEWTWO, PÁ!
Fora este pormenor técnico, o meu jogo era especial. Tinha a Jesse e o James. Tinha a enfermeira Joy. Tinha um Pikachu falante. No fundo era o mesmo jogo que a versão vermelha e azul. Contudo, parecia uma versão completamente diferente.
Depois de escrever este texto, voltei a jogá-lo. Diverti-me novamente, ao sabor duma experiência Pokémon bem mais simples e fácil que nos títulos originais. Claro que gritei mil vezes no ginásio da Sabrina – PORQUE SONHOS SÃO QUEBRADOS AO SOM DAQUELE ALAKAZAM – mas no fundo, continua a ser um título viciante.
Se conseguirmos ultrapassar os menus absolutamente retrógrados, o limite de items, os gráficos ultrapassados e a balança completamente desnivelada para os Pokémon do tipo Dragão e Psíquico.
Também, se não o fizéssemos, não seria um retrolhada!
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