A CIONET e Manuel Monteiro, CIO do Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa (Fundação Fernando Pessoa) e vencedor do prémio CIODAY’2015 orientado para tecnologia, analisaram o estado das TI em Portugal, e abordaram as áreas-chave que devem ser tidas em conta no presente e no futuro para melhorar a utilização das tecnologias no sector da saúde.
Existem quatro sectores que terão de ser abordados de forma mais atenta e que permitirão ganhos significativos na adoção das tecnologias por parte dos profissionais de saúde, na otimização de processos nos prestadores de saúde e na forma como os utentes, profissionais e instituições irão interagir:
Acesso e Usabilidade: Globalmente o acesso ao RSE terá que ser incomparavelmente mais intuitivo. As interfaces gráficas e a usabilidade dos múltiplos sistemas terão de evoluir. Os profissionais de saúde querem tratar os seus pacientes, não querem aprender a utilizar sistemas complexos e pouco amigáveis, muito menos que a tecnologia se coloque entre o prestador e o paciente. Os designers da informação, das interfaces gráficas e dos equipamentos terão um papel muito importante nesta evolução. Os Google Glass, ou tecnologias semelhantes, são um excelente exemplo e um bom prenúncio nesta área.
Do lado dos utentes, apesar de existirem já alguns exemplos, haverá uma tendência generalizada de disponibilização online dos registos clínicos através de portais do utente, com mais informação e maior qualidade. Aparecerão certamente melhoramentos significativos a este nível de âmbito nacional.
Interoperabilidade: Uma das premissas do RSE é a habilidade de troca e utilização dos dados clínicos entre múltiplos sistemas, organizações e regiões, em qualquer momento e em qualquer local. Tem havido significativas evoluções nesta área, existindo já muitos bons exemplos nacionais de interoperabilidade, como é o caso do Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa, mas existe um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao intercâmbio de dados entre organizações e regiões, nomeadamente entre países. Apesar do projeto de âmbito europeu EpSOS ter sido bem sucedido, no qual Portugal participou através da SPMS, haverá ainda muito a fazer para que a máxima “em qualquer momento e em qualquer local” seja uma realidade eficaz e global. Acredito que o sector continuará a evoluir significativamente nesta área.
Mobilidade: Nesta evolução para uma população mais envelhecida, mas com melhor acesso à informação e mais participativa, haverá uma tendência clara para o “Patient-centric”. Esta tendência será alavancada pela utilização massiva dos dispositivos móveis, dos weareables e da Internet of Things (IoT). Os tablets assumirão uma posição importante dentro dos hospitais e irão contribuir para uma diminuirão significativa do papel. O aparecimento dos weareables com sensores na área da saúde irão fomentar a mudança de alguns paradigmas na relação paciente/prestador e irão melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas. Dentro e fora dos hospitais os pacientes serão monitorizados de forma contínua, em mobilidade, permitindo aos profissionais de saúde atuar preventivamente e diminuir tempos de internamento. Por este meio, a telemonitorização e as teleconsultas ganharão nova expressão.
Segurança: Todos estes factos serão impulsionadores de conceitos como o Big Data e a Cloud, levantando preocupações legítimas quanto à segurança dos dados. A segurança informática no âmbito da saúde será certamente uma das áreas com maior crescimento.
“Não distingo Portugal do resto do mundo quanto à capacidade técnica em adotar as melhores práticas e as melhores tecnologias que visem melhorias na qualidade da prestação de cuidados de saúde. Portugal tem os recursos, principalmente humanos, não só para estar na linha da frente na adopção das tecnologias, como no seu desenvolvimento. Ser CIO num hospital é um grande desafio. O sector hospitalar é um dos mais complexos e exigentes, em constante transformação e inovação. Um CIO hospitalar tem de compreender o core do negócio e estar ciente de que o seu trabalho poderá ter uma enorme influência na qualidade de vida dos pacientes e na qualidade do serviço fornecido pelos profissionais de saúde.” – finaliza Manuel Monteiro, CIO do Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa (Fundação Fernando Pessoa).
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