Após os atentados à redação da revista francesa de sátira política Charlie Hebdo, há uma semana, a chegada da “edição dos sobreviventes” às mãos de leitores ao redor do mundo já pode ser considerada histórica e mobilizadora. Durante horas, centenas de pessoas fizeram à porta dos pontos de vendas e os 700.000 exemplares disponíveis no país, segundo relatos da Comunicação Social francesa, esgotaram-se numa questão de minutos.
Contudo, graças a demanda acima do esperado pela primeira edição após o ataque, a tiragem que já era um recorde acabou sendo ampliada de três para cinco milhões de exemplares, número mais de 80 vezes maior que a circulação normal de 60 mil. Diversas cópias, inclusive, foram postas à venda no eBay, tendo algumas atingido a casa dos 950 euros (cerca de R$ 3 mil), quando o preço de capa normalmente é 4 euros (cerca de de R$ 12).
A busca voraz pela primeira edição após o atentado teria sido impulsionada pelo choque provocado na França e no resto do mundo, mas não só: outro fator preponderante no aumento histórico do interesse pela revista pode ser apontado para o facto de que o dinheiro das vendas será repassado às famílias das vítimas.
Diante do interesse mundial provocado pela revista após o atentado, a edição especial do semanário satírico circulará em seis idiomas diferentes, incluindo inglês, árabe e turco. “Estamos felizes por termos conseguido levar esta edição às bancas. Foi complicado pensar na capa, pois precisávamos expressar algo novo. Tinha de ser algo relacionado com o que passamos”, disse Gerard Biard, editor-chefe da revista.
Na capa desta edição histórica de Charlie Hebdo, os editores optaram por colocar uma charge de Maomé com um cartaz que trazia a frase “Todos serão perdoados”, mas não há outras representações do profeta no interior da revista, embora haja várias sátiras a extremistas muçulmanos.
Relembre-se que, na quarta-feira passada, dois atiradores invadiram a redação da Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas, incluindo dois policiais. Motivados pelas polêmicas charges do profeta Maomé feitas pela revista, os irmãos Cherif e Said Kouachi, responsáveis pelo atentado, foram mortos pela polícia dois dias mais tarde. No ataque à redação, quatro cartunistas, incluindo o renomado Wolinski, também morreram.
Via BBC Brasil
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