O robô Curiosity, da NASA, encontrou evidências de que a cratera marciana Gale conteve água durante milhões de anos. As descobertas, feitas através da análise dos dados geológicos recolhidos pelo Curiosity — que explora a região há cerca de 2 anos e meio —, reforçam a ideia de que o Planeta Vermelho já teve as condições químicas e ambientais necessárias para abrigar vida microbiana.
Em 2013, pesquisadores haviam anunciado a descoberta de rochas sedimentares na cratera Gale, indício da existência de um antigo lago que teria tido uma duração mínima de centenas a dezenas de milhares de anos.
Agora, as evidências indicam que, há cerca de 3,8 bilhões (mil milhões) de anos, tenha havido seguidos períodos de deposição de sedimentos nos leitos de lagos e deltas de rios, fato que pode ter durado por milhões de anos. De acordo com o estudo mais recente, ainda não publicado, os ciclos de deposição envolveram rios que desaguavam nas bordas da cratera, como sugere a inclinação dos estratos (camadas) observados na rocha.
A pilha de sedimentos provavelmente deu origem ao monte Sharp, montanha de 5 km de altura em cuja base se encontram expostas centenas de estratos rochosos e que há muito intriga os cientistas. A inclinação dos estratos indica que o Monte Sharp foi formado por sedimentos que enrijeceram e foram esculpidos pelo vento.
“Conforme o Curiosity escala o Monte Sharp”, afirma John Grotzinger, cientista do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), “nós teremos uma série de experimentos para mostrar os padrões de como a atmosfera, a água e os sedimentos interagem”. O objetivo, explica Grotzinger, é observar como a composição química do lago mudou com o tempo.
Os pesquisadores acreditam que o clima quente de Marte tenha tido longa duração, uma vez que há indícios de ciclos de deposição e evaporação da água na cratera Gale. No entanto, ainda não é possível definir as condições atmosféricas responsáveis pelo clima mais quente e, portanto, pela presença prolongada de água líquida na superfície marciana.
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