Processo simbólico, a escrita tem possibilitado ao homem expandir suas mensagens para muito além do seu próprio tempo e espaço, tendo a sua criação sido registada por alguns historiadores por volta de 3500 a.C. Desde então, com a sua evolução, a busca pelos segredos da boa escrita tem sido debatidos à exaustão – debate este que pode acabar apontando para o ideal errado.
Em 35 anos de ensino da escrita criativa, Samuel Delany, celebrado autor e crítico literário apresenta em sua obra “About Writing: Seven Essays, Four Letters, and Five Interviews” a síntese de um dos seus mais valiosos ensinamentos nesta área: a diferença crucial entre a boa escrita e a escrita talentosa, sendo que a primeira, em grande parte é um produto técnico e a outra, uma questão de sensibilidade linguística e estética.
Embora haja fatores em comum, a boa escrita e a escrita talentosa não são a mesma coisa. Por mais paradoxal que possa parecer, a boa escrita consiste em seguir à risca um conjunto de restrições gramaticais, evitando os erros crassos. Já a escrita talentosa ultrapassa essa barreira básica e faz com que as coisas, efetivamente, aconteçam na mente do leitor.
Mas deixemos a escrita talentosa para ser explorada pelos romancistas e poetas, focando a atenção na boa escrita – esta sim, transversal e imprescindível a todos. Com a dinâmica da comunicação, é natural que o homem adquira novas formas de se expressar, ocasionalmente, desenvolvendo, ampliando e, até mesmo, modificando a forma de escrever. É o que, claramente, vem acontecendo, desde o advento das redes sociais.
É bem verdade que a crescente utilização destas plataformas tem democratizado a escrita, tornando-se um campo aberto de debate, onde os utilizadores sentem-se livres para compartilhar o que pensam e vêem. Contudo, esta que deveria ser uma simples tarefa – a boa escrita – vem se tornado o pior pesadelos de professores e amantes da boa escrita mundo a fora, justamente pelo uso uso excessivo e descuidado dessas ferramentas. Isso por que, o que se tem verificado nas redes sociais são indivíduos que utilizam expressões com abreviações de forma exagerada, sem nenhum (ou muito pouco) cuidado com construções da frase, pontuação, conjugação verbal etc.
Para o escritor Michel Laub, a internet tornou os textos mais naturais e coloquiais, embora não seja a única responsável por essas mudanças. “O texto da internet é um texto em geral mais coloquial, menos ‘literário’, no sentido de ser mediado por truques de estilo. A internet não inventou a coloquialidade, mas fez com que ela passasse a soar mais natural para muito mais gente e, estatisticamente ao menos, virou um certo padrão”, defende Laub.
Na era da tecnologia, todos os dias novas ferramentas são forjadas com o intuito de auxiliar na árdua tarefa da boa escrita. Uma delas, recentemente explorada pela equipe do Techenet, é este site da Woxikon, uma plataforma que começou a sua jornada com aspirações de ser um mero dicionário, mas que acabou por evoluir para um vasto compêndio de traduções, sinônimos, rimas, abreviaturas e outras figuras de linguagem.
Para se ter uma ideia, o Woxikon é um dicionário multilingue que oferece um tradutor online disponível em diversos idiomas (alemão, inglês, francês, espanhol, italiano, português, holandês, sueco, russo, polaco, finlandês, norueguês e turco), o que nos faz lembrar da aplicação móvel Lingua.ly, onde se pode aprender idiomas de forma simples e divertida, ambas as plataformas disponíveis para utilização gratuitamente. Para além disso, a plataforma oferece, ainda, tabelas de conjugações e notas explicativas sobre gramática.
Portanto, já não há mais desculpas para publicações com deslizes gramaticais, seja nas redes sociais, em blogs ou até mesmo em trabalhos escolares, visto que com a utilização de ferramentas como esta, enquanto suplemento ao bom e velho dicionário, os utilizadores têm à disposição uma ampla gama de possibilidades para desenvolver e melhorar as suas competências linguísticas.
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