A Agência Espacial Europeia (ESA), responsável pela missão Rosetta, anunciou hoje (15) o local do pouso do veículo Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
O local onde o pouso está previsto leva o nome de “J” e situa-se no lobo menor do cometa — ou a “cabeça” do “patinho de borracha”, como a forma do 67P vem sendo apelidada desde que a sonda Rosetta enviou as primeiras fotos do cometa em alta resolução.
Entre os desafios que os cientistas levaram em conta na definição da área de pouso incluíram-se o tipo de rocha desta, a possibilidade de que o aterrissador Philae sofra danos com os jatos de gás que surgem conforme o cometa se aproxima do Sol e a própria (frágil) gravidade do objeto, cujo comprimento é de cerca de 4 quilômetros.
A área J, uma elipse que mede aproximadamente um quilômetro quadrado, receberá o robô Philae em 11 de novembro. Apesar de não ser perfeitamente plana, de acordo com a ESA, a região escolhida aparenta ser composta de areia fina e macia, encontrando-se dentro da capacidade de fixação dos dois arpões localizados sob o Philae.
O procedimento de aterrissagem deve durar 7 horas e dependerá da gravidade do Churyumov-Gerasimenko. Um tempo mais curto de voo aumenta consideravelmente a duração da bateria da sonda e a chance de esta durar por mais um ou dois dias antes que a luz solar a recarregue, fator de suma importância para uma missão que corre contra o tempo na tentativa de coletar dados antes que os — cada vez mais intensos — jatos de poeira possam danificar os instrumentos a bordo do Philae.
Além disso, o local J facilitará a comunicação via rádio entre o veículo, no solo do cometa, e a sonda Rosetta, que continuará em órbita ajudando a mapear o interior do objeto. Uma nova avaliação será feita em 12 de outubro, quando a ESA deve confirmar a ordem de pouso. Caso o local J seja considerado instável, o Philae será conduzido ao local “C”, situado dentro de uma cratera relativamente plana e com melhores condições de iluminação.
Uma vez ancorado no cometa, o objetivo do veículo será o de extrair e analisar amostras de gelo e poeira que podem conter material orgânico inalterado desde a formação do Sistema Solar, há mais de 4,5 bilhões de anos. Em função disso, os pesquisadores celebram o fato de a região J distar apenas 500-600 metros (portanto, no raio de visão das câmeras panorâmicas da sonda robótica) de duas crateras cilíndricas que “podem se tornar ativas”, segundo Holger Sierks, investigador líder da principal câmera do Philae (a OSIRIS), liberando a poeira contida no interior do cometa enquanto este se aquece.
O material coletado deve fornecer pistas quanto à possibilidade de os cometas terem trazido água à Terra, bem como as moléculas orgânicas que deram origem à vida no nosso planeta.
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