Paleontólogos desenterraram o fóssil de um dos maiores animais que já caminharam sobre a Terra. O dinossauro encontrado, descrito no periódico Scientific Reports, leva o nome de Dreadnoughtus schrani: o nome do gênero é formado pela junção das palavras da língua inglesa dread e nought que significam, respectivamente, “medo” e “nada”, dando a entender que, com suas 65 toneladas e 26 metros de comprimento, o gigante nada teria a temer.
O peso do animal é maior do que o de um Boeing 737, sendo equivalente a “uma dúzia de elefantes africanos, ou mais de sete T. rex“, estima Kenneth Lacovara, paleontólogo que liderou as escavações. E não para por aí: o cientista sugere que o animal ainda não tinha terminado sua fase de crescimento quando morreu.
O fóssil do D. schrani tem cerca de 77 milhões de anos, foi descoberto no sul da Patagônia argentina e compreende cerca de 70% dos ossos (vide imagem abaixo) que se espera encontrar em um saurópode — grupo de dinossauros herbívoros caracterizados pelo longo pescoço e pela cabeça pequena — do seu tamanho, apesar de faltar-lhe o crânio (outro animal da mesma espécie, bem menor, foi descoberto no mesmo sítio). Nem todos os saurópodes alcançavam dimensões tão grandes, mas muitos dos maiores animais que já viveram no planeta eram de fato saurópodes, e os pesquisadores esperam encontrar pistas a respeito do crescimento ósseo e da movimentação deste tipo de animal no fóssil escavado.
Saurópodes enormes, como o D. schrani, geralmente não são descobertos em bom estado de preservação, talvez porque seus corpos volumosos não sejam totalmente cobertos por sedimentos depois da morte, sugerem os pesquisadores. Consequentemente, poucos ossos de mesmo tipo são encontrados nos saurópodes escavados, o que dificulta as comparações entre espécies e a definição da cadeia evolutiva do grupo. Lacovara acredita que o Dreadnoughtus tenha morrido em meio a uma inundação repleta de sedimentos que o teriam tornado praticamente inacessível a animais necrófagos, o que resultou na conservação da maior parte dos ossos.
Quase dez anos se passaram entre a data da descoberta e a publicação do artigo no Scientific Reports, fato que se deve à demora na escavação de um esqueleto de saurópode, segundo Lacovara. Após o trabalho de remoção dos ossos do solo, três laboratórios nos Estados Unidos se dedicaram à sua limpeza e voluntários elaboraram imagens 3D deles, processo que levou milhares de horas.
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