A pedra de Roseta, encontrada no Egito em 1799, possibilitou a compreensão dos hieróglifos e do demótico egípcios, sistemas de escrita empregados na região em tempos antigos, abrindo as portas para o conhecimento que temos hoje do Antigo Egito. Similarmente, a partir de amanhã (06), a sonda espacial Rosetta poderá revelar as facetas de um ambiente ainda desconhecido pela humanidade: se o plano da Agência Espacial Europeia (ESA) der certo, a sonda estudará um cometa em detalhes inéditos.
Em janeiro, a sonda Rosetta foi despertada de um sono profundo para concluir uma odisseia que já dura 10 anos. Depois de muito vagar pelo Sistema Solar, a sonda finalmente avistou o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, do qual enviou as primeiras fotografias obtidas já em julho.
Agora, o desafio é manter uma trajetória de aproximação em formato triangular até o mês de setembro, quando a Rosetta entrará em uma órbita circular ao redor do cometa, cuja distância em relação ao objeto será de 30 km. O objetivo dessa fase será mapear o cometa e procurar possíveis locais para o pouso do aterrissador Philae, veículo levado pela Rosetta capaz de perfurar a superfície do 67P e recolher material para análise. Uma lista de candidatos a local de pouso será lançada em setembro, e os dados obtidos pelos instrumentos científicos a bordo da sonda informarão aos pesquisadores responsáveis pela missão quanto aos efeitos que a gravidade e os gases lançados pelo cometa — conforme este se aproxima do sol e se aquece — podem ter sobre a trajetória do aterrissador.
Levados em conta junto ao mapeamento do cometa, esses efeitos terão enorme influência sobre a decisão final do local, que precisará ser rápida, uma vez que o pouso precisa acontecer até o dia 11 de novembro, prazo após o qual haverá enormes dificuldades para o procedimento, devido ao aumento na emissão dos gases escondidos sob a superfície do Churyumov-Gerasimenko.
As imagens do cometa por ora obtidas revelaram uma aparência semelhante a um patinho de borracha. Em função do formato, criar um modelo tridimensional do cometa se tornou prioridade, a fim de que se compreenda sua força gravitacional. “Estamos adquirindo imagens de hora em hora, para que possamos ver o corpo” e reconstruir aspectos de sua superfície, disse Andrea Accomazzo, diretor de voo da Rosetta.
Observações obtidas na semana passada sugeriram que a temperatura média na superfície do cometa seja de -70 oC, cerca de 20-30 oC mais quente do que o previsto. O resultado obtido indica que a superfície tenha proporcionalmente menos gelo em relação à poeira, fato importante para se avaliar a mudança no terreno conforme a órbita do cometa o leva para mais perto do Sol.
Novas imagens de alta resolução deverão ser enviadas pela Rosetta na manhã de quarta-feira, e a ESA disponibilizará uma transmissão ao vivo do encontro da sonda com o 67P/Churyumov-Gerasimenko no endereço http://rosetta.esa.int/. Um bom show e boas descobertas a todos que puderem acompanhar!
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