O surto de ebola no oeste da África fez com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocasse autoridades de saúde de 11 países para uma reunião de caráter emergencial em Acra, capital de Gana.
A reunião iniciada na quarta-feira (02) se segue à confirmação de mais de 400 mortes por ebola em três países — Guiné, Libéria e Serra Leoa — desde fevereiro, e dela participam funcionários de repartições de saúde de países vizinhos (Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Mali, República Democrática do Congo, Senegal e Uganda), além dos ministros da pasta da saúde dos países afetados.
De acordo com a OMS, o número de mortos pelo vírus ebola no oeste da África chegou a 467, 68 delas registradas em um período pouco maior que uma semana. Ao todo, o número de casos confirmados atingiu 759 em junho, razão pela qual a entidade clamou pelo esforço cooperativo entre as nações representadas na reunião de emergência, em cujas fronteiras a circulação de pessoas é praticamente irrestrita.
“Precisamos de uma resposta forte, especialmente ao longo das áreas comuns de fronteira onde as atividades comerciais e sociais continuam entre Guiné, Libéria e Serra Leoa”, admite Daniel Epstein, porta-voz da OMS.
O vírus ebola: transmissão e prevenção
A Organização Mundial da Saúde estima que a taxa de mortalidade do vírus ebola seja de até 90% dos infectados. O vírus surgiu em 1976, em regiões da República Democrática do Congo e do Sudão e, embora sua origem seja desconhecida, suspeita-se que o contágio inicial tenha se dado através do contato com morcegos frugívoros, antílopes e primatas contaminados.
Os sintomas da infecção pelo ebola incluem, inicialmente, febre, dores na cabeça e nos músculos, passando o enfermo a sofrer de diarreia, vômito e sangramentos internos e externos. Como ainda não existe vacina ou cura para a doença, consistindo o tratamento principalmente na reidratação, são necessárias medidas de isolamento do infectado, a fim de que seus fluidos corporais não entrem em contato com outras pessoas, sendo esta a principal via de contaminação pelo ebola, além do contato com animais infectados. (Ainda, o vírus pode permanecer no sangue e nas secreções de uma pessoa até sete semanas depois da recuperação.)
No entanto, verifica-se um receio do isolamento nas comunidades afligidas pelo vírus capaz de dificultar o combate à propagação do ebola. Especialistas acreditam que os habitantes de algumas comunidades estejam escondendo parentes e amigos doentes, ao invés de conduzi-los ao tratamento adequado em um hospital.
Na Guiné, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) trabalha junto ao governo local em instalações de isolamento e acompanhamento de vítimas do ebola. O diretor de operações da ONG afirmou que os profissionais de saúde estão “vendo um nível crescente de hostilidade por causa do medo” em certos povoados. Quando o medo se une ao desconhecimento em relação ao risco, as pessoas que entram em contato com sangue, fluidos corporais (inclusive os sexuais) e órgãos contaminados acabam ficando expostas ao vírus. Assim, é preciso evitar o contato com roupas, toalhas e roupas de cama dos enfermos, e o Ministério da Saúde da Guiné “tem aconselhado as pessoas a parar de ter relações sexuais, além da orientação de não apertar as mãos” ou beijar, informa a BBC. Até mesmo os funerais das vítimas do ebola oferecem perigo, caso os enlutados tenham contato direto com o corpo do falecido.
Até hoje, o vírus ebola ficou restrito à África, embora tenha se deslocado dos locais onde os surtos costumam ocorrer, nomeadamente, aldeias remotas da República Democrática do Congo, Sudão e Uganda, em direção a regiões urbanas da Guiné, inclusive sua capital, Conakry, onde o ebola nunca havia se espalhado, relata a organização MSF.
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