Quanto maior a altura…: Estudo conclui que a redução do porte físico fez com que os menores dinossauros — as aves — sobrevivessem ao evento que pôs fim ao reinado dos répteis gigantes. Crédito: Julius Csotonyi
Apenas alguns dinossauros sobreviveram ao evento de extinção em massa ocorrido há 66 milhões de anos: os de tamanho bastante reduzido — as aves. Esse grupo, que se diversificou nas cerca de 10 mil espécies de aves que habitam o planeta hoje, superou a catastrófica extinção dos seus parentes dinossauros graças à diminuição do porte físico.
Um novo estudo, conduzido por cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e do Museu Real de Ontário, no Canadá, sugere que a redução de tamanho ajudou as aves a conquistar, via evolução, novos nichos ecológicos, o que explicaria o atual sucesso desta classe animal. Além disso, os pesquisadores concluíram que o surgimento de aves cada vez menores se deu em uma escala temporal grande, tendo começado muito antes da extinção dos dinossauros.
No trabalho, descrito no portal online do periódico PLOS Biology, os pesquisadores estimaram o peso — e, então, o tamanho aproximado — de 426 espécies de dinossauros através da espessura dos ossos fossilizados dos membros traseiros dos animais, com o objetivo de avaliar a taxa de mudança do tamanho com o passar do tempo. Stephen Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edimburgo que não se envolveu no estudo, afirma que este demonstra que o processo de diminuição dos dinossauros não foi repentino, mas “o produto final de uma tendência de longo prazo de declínio do tamanho do corpo que levou muitas dezenas de milhões de anos”.
Maniraptora
A origem dos dinossauros se deu há aproximadamente 220-230 milhões de anos, época na qual esses animais eram pequenos (pesavam entre 10 e 35 kg, e tinham o tamanho de um cão médio). No entanto, apenas 30 milhões de anos depois, várias espécies já atingiam as 10 toneladas, peso que, mais tarde, se multiplicaria por nove com o advento do Argentinosaurus, que media até 35 metros do focinho à ponta da cauda.
O rápido crescimento não atingiu todos os grupos de dinossauros. De fato, a tendência ao crescimento se enfraqueceu, mantendo os animais maiores no tamanho que tinham atingido, ao passo que um dos grupos, o Maniraptora, composto por animais emplumados (como o Velociraptor), desenvolveu tanto espécies maiores quanto menores, conforme ocupou novos nichos ecológicos por 170 milhões de anos. O Dr. Roger Benson, de Oxford, liderou o estudo e avaliou que os Maniraptora pesavam entre 15 gramas (Qiliania graffini) e 3 toneladas, e tinham dietas carnívora, herbívora ou onívora.
Como o(a) leitor(a) já deve ter percebido, os Maniraptora deram origem às aves que sobreviveram à extinção em massa. Segundo o Dr. David Evans, do Museu Real de Ontário, “as taxas elevadas constantes de evolução” na linhagem emplumada dos Maniraptora “levou às aves”.
Os diversos ambientes ocupados por esse grupo, que passou a ser constituído, inclusive, de animais com menos de 1 quilograma (as aves), podem ter sido o fator que o salvou da extinção, de modo que o tamanho reduzido teria facilitado sua adaptação às condições ambientais deixadas pelo impacto de um asteroide, concluem os especialistas. Por outro lado, os dinossauros maiores não resistiram às necessidades alimentícias geradas por seus corpos enormes, o que lhes custou a sobrevivência.
A evolução de tamanhos diferentes se provou fundamental para a sobrevivência dos dinossauros durante seu “reinado” na Terra. Afora a capacidade de adaptação aos nichos ecológicos disponíveis, a redução de tamanho foi crucial para a evolução do voo, uma vez que corpos mais leves exigem menos energia para esta atividade, pondera Luis Chiappe, paleontólogo (também não envolvido no trabalho) do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles.
Portanto, a história dos dinossauros parece confirmar que quanto maior a altura, maior a queda.
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