“Para compreender, destruí-me. Compreender é esquecer de amar. Nada conheço mais ao mesmo tempo falso e significativo que aquele dito de Leonardo da Vinci de que se não pode amar ou odiar uma coisa senão depois de compreendê-la.” *
Já lá ia muito tempo desde a última vez que se perdera entre uma página e outra do seu livro favorito. Era demasiado tempo, é certo. Mas naquela tarde ensolarada, típico dia primaveril, fora tomada de assalto pela recordação de um trecho dos escritos do Pessoa. “Desassossego não combinada com dias assim”, disse a si mesma, enquanto dava seguimento à aventura do dia.
Parou na primeira esplanada capaz de atrair o seu instinto. Bebeu mais um chá, enquanto apreciava os raios de sol a dourar a sua pele. Sentiu a alma revigorada, pronta para os próximos devaneios. Quis, mesmo que por breves instantes, ser musa, resplandecer inspiração. Pegou papel e caneta. Vestiu-se de poesia. Quis ser Desassossego.
[Sou livro.
Daqueles que a cada [re]leitura
percebe-se novas figuras de linguagem
personalidades atraentes
dos mais diversos personagens.
Sou livro.
Daqueles de capa dura
e muitas, muitas, muitas páginas
onde mora a liberdade de ser-se
conforme os próprios desejos
e [re]nascer.
Sou livro.
Sou livre!]
E como se nada fosse, depois de se deixar levar pelas tantas pessoas que também sabe que é, pegou nas suas coisas e deu seguimento à sua jornada. Ainda tinha consigo muitas páginas em branco e sua tarefa era simples: preenchê-las todas!
*in Livro do Desassossego de Fernando Pessoa
CAssis, a Menina Digital
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